Padre Bernard Adukwu vai partilhar testemunho no lançamento do Relatório sobre a Liberdade Religiosa, da AIS, na Assembleia da República Portuguesa
Lisboa, 21 jun 2023 (Ecclesia) – O padre Bernard Adukwu, missionário espiritano, denuncia as forças que “querem apagar a presença cristã” na Nigéria, seu país natal, informa a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“Na verdade, tenho medo, mas não posso deixar de visitar a família por causa da situação do país. Tenho medo, mas sei que Deus está sempre ao nosso lado. É um risco, sobretudo, para os padres, os religiosos e as religiosas. Estou contente por ir visitar a minha família e ao mesmo tempo tenho medo, porque pode acontecer qualquer coisa, mas tenho de ir”, disse o sacerdote, informa o secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre AIS, em informação enviada hoje à Agência ECCLESIA.
O padre Bernard Adukwu da congregação dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos), o capelão dos africanos no Patriarcado de Lisboa; chegou a Portugal há nove anos e, dentro de dois meses, regressa à Nigéria e à aldeia onde nasceu, na Diocese de Idah, para reencontrar a família, num período de férias.
A fundação pontifícia contextualiza que, nos últimos tempos, a Nigéria transformou-se num dos países “mais perigosos de África para a comunidade cristã”, particularmente para os sacerdotes e para as religiosas, onde os ataques sucedem-se e são cada vez mais frequentes os raptos de pessoas ligadas à Igreja, uma “onda de violência” que parece imparável.
“Uma pessoa é raptada, e depois vão pedir uns cinco milhões, seis milhões. Quem tem dinheiro, paga, é bastante dinheiro; No aeroporto temos segurança. Depois, vou sair para a nossa casa provincial, na capital, Abuja, estarei aí talvez três dias e depois vou visitar a família. Do aeroporto à casa provincial é vinte e tal minutos, mas da capital para a minha aldeia é mais de seis horas”, refere o sacerdote.
A moeda da Nigéria é a Naira e a AIS acrescenta que “seis milhões equivalem a cerca de dez mil euros”.
Em Portugal, a fundação pontifícia vai apresentar o seu Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, esta quinta-feira, na Assembleia da República, em Lisboa, às 19h00, e conta com o testemunho do padre Bernard Adukwu, sobre o que significa ser cristão na Nigéria, em 2023, em pleno século XXI, “um dos momentos mais importantes” desta sessão que vai ter a presença do presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva.
Segundo a AIS, “não é possível falar da Nigéria e dos ataques aos cristãos” sem referir o grupo jihadista Boko Haram, que procura implantar um ‘califado’, “regido pelo Islão mais radical e intolerante”, na região norte do país, mas, para o missionário espiritano, o objetivo é “declarar o país como um estado islâmico”, e “apagar a presença da vida cristã na Nigéria”.
A Ajuda à Igreja que Sofre destaca a história “exemplar” da jovem cristã Leah Sharibu, uma das vítimas da “violência jihadista” do Boko Haram, que foi raptada aos 14 anos, em fevereiro de 2018, na Escola Técnica de Ciências em Dapchi, no Estado de Yobe, “com cerca de uma centena” de estudantes, e ficou em cativeiro por recusar converter-se ao Islão.
“Há muitos grupos que estão a surgir. Nós não os conhecemos, não é só no Norte; e o governo da Nigéria não está a fazer nada para esta situação”, alertou o padre Bernard Adukwu, que vive no seminário da Torre d’Aguilha, em Carcavelos (Cascais).
O Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2023 é a 16ª edição deste documento que a Fundação pontifícia AIS produz de dois em dois anos.
CB/OC