Líbano: Visita do Papa vai ajudar a contrariar clima de instabilidade e violência

Arcebispo emérito de Argel, D. Henri Teissier, fala sobre as expetativas de muçulmanos e cristãos antes da viagem de Bento XVI

Lisboa, 12 set 2012 (Ecclesia) – O arcebispo emérito de Argel, D. Henri Teissier, destacou hoje a forma entusiástica como a maioria muçulmana do Líbano está a aguardar a visita do Papa, que terá lugar entre 14 e 16 de setembro.

“Todas as correntes existentes no país estão abertas a acolher Bento XVI, sem consternações, e esperam que ele ajude a criar a paz”, sublinhou o prelado aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa em Lisboa.

Recorde-se que o Líbano está a atravessar um novo período de instabilidade e violência, com ligação direta à revolução que rebentou há mais de um ano e meio na vizinha Síria.

Nas últimas semanas, a cidade de Tripoli, no norte do Libano, foi percorrida por uma série de conflitos envolvendo comunidades alauitas apoiantes do presidente sírio, Bashar al-Assad, e fações sunitas hostis ao regime de Damasco.

Dos confrontos resultaram dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos, uma conjuntura que as autoridades religiosas locais esperam ver agora contrariada com a passagem do Papa pela região.

D. Henri Teissier partilhou ainda as expetativas dos cristãos libaneses, que teve a oportunidade de avaliar recentemente, num encontro inter-religioso em Istambul, na Turquia.

O antigo vice-presidente da Cáritas Internacional para os países árabes referiu que católicos, ortodoxos e protestantes contam que Bento XVI lhes traga “coragem” para enfrentarem as dificuldades próprias da vivência no mundo islâmico.

“Todos esperávamos que a chamada Primavera Árabe, sobretudo na Tunísia, no Egito, na Líbia e na Síria, desse lugar à construção de uma sociedade mais democrática, mas no fim de contas, os islamitas têm obtido o maior apoio da população”, aponta aquele responsável.

Um dos pontos mais críticos do relacionamento entre cristãos e muçulmanos está centrado no peso enorme que é atribuído à lei islâmica, no mundo árabe, facto que tem inúmeras repercussões ao nível da prática religiosa das pessoas.

 “A Argélia é o único país do mundo árabe onde foram erigidas comunidades evangélicas de muçulmanos convertidos, onde a Constituição reconhece o direito à liberdade de consciência”, exemplifica o arcebispo de origem francesa que está no entanto integrado na sociedade argelina há quase 50 anos.

D. Henri Teissier encontra-se em Portugal a convite dos Missionários da Consolata, no âmbito de um projeto intitulado “Missão, Fé e Martírio”.

Até 21 de setembro, o representante da Igreja Católica de Argel vai ter a oportunidade de partilhar com os portugueses a sua experiência junto dos monges trapistas do Mosteiro de Tibhirine que foram assassinados em 1996 no meio da guerra civil da Argélia.

O episódio dos sete mártires de Tibhirine ficou imortalizado através do filme “Dos Deuses e dos Homens”, apresentado há dois anos pelo realizador Xavier Beauvois.

Entretanto, o prelado dedicou um livro a um dos religiosos, Christophe Lebreton, obra que será apresentada quinta-feira, a partir das 18h00, na Sala do Montepio, Rua do Ouro.

JCP

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