Líbano: Religiosa portuguesa descreve destruição que atingiu a comunidade cristã em Beirute

Irmã Maria Lúcia Ferreira afirma que «destruição» no bairro cristão Achrafieh «agora é muito maior» do que na guerra

Foto: Lusa

Lisboa, 31 ago (Ecclesia) – A irmã Maria Lúcia Ferreira disse que existe um ambiente de desolação, desespero e medo entre comunidade cristã em Beirute, capital do Líbano, como no bairro cristão de Achrafieh, na sequência da explosão no início deste mês.

“Foi um bairro que sofreu bastante durante a guerra mas a destruição, agora, é muito maior do que durante todo esse tempo”, explicou a religiosa portuguesa conhecida como irmã Myri, numa mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

O secretariado português da AIS contextualiza que a explosão no porto da capital libanesa, a 4 de agosto, provocou “mais de 180 mortos e mais de 6500 feridos” e “atingiu fortemente” os bairros Achrafieh, “habitado na sua maioria por cristãos”, e de Mar Maroun “onde o cenário de destruição permanece quase inalterável”

“As casas que não estão destruídas têm os vidros partidos, e [importa] dizer que nessa região de Beirute, reconstruída depois da guerra, há muitos edifícios novos cujas paredes são envidraçadas. Então, as paredes das casas ficaram destruídas. Não só os vidros mas também portas e eletrodomésticos. Tudo ficou estragado”, desenvolveu a irmã Maria Lúcia Ferreira.

O padre Samer Nassif, especialista da fundação AIS sobre o Líbano, explicou sobre o bairro de Achrafieh que vai ser preciso “reconstruir do zero”, sublinhando que a violência causou “num segundo, mais danos ao bairro cristão do que durante os longos anos de guerra civil”.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a irmã Myri explica que muitas famílias ainda esperam pela possibilidade de poderem colocar de novo portas e janelas nas suas casas para poderem habitá-las “sem medo de assaltos e roubos”.

A Irmã Myri, que pertence à Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia e vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na Síria, explica que a sua madre superiora e algumas das religiosas da comunidade estavam perto da capital libanesa quando se deu a explosão no porto de Beirute.

“Apesar de estarem a cerca de 30 quilómetros de Beirute, nas montanhas que fazem face à cidade, as irmãs sentiram muito bem a explosão a ponto de a irmã Carmen, que estava a cultivar a sua horta, ter sentido uma espécie de vento, um sopro que quase a fez cair por terra”, acrescentou.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre que decidiu enviar uma ajuda de emergência “no valor de 250 mil euros”, destinada, essencialmente, à “aquisição de cabazes alimentares”, após a explosão indica que o Líbano vive “uma das mais profundas crises económicas da sua história”, agravada “profundamente com a brutal explosão que tem repercussões entre a comunidade cristã”.

A fundação pontifícia alerta que a crise económica “tem levado muitas famílias” a migrar para outros países e a religiosa portuguesa dá conta de cerca de “trinta mil famílias” para quem a emigração “é a única porta de saída” e “agora é muito pior”.

CB

 

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