Libano: Refugiados pedem ajuda para o rigor do inverno

Reportagem da Agência ECCLESIA em Zahlé, no Vale de Bekaa

Henrique Matos, enviado da Agência ECCLESIA ao Líbano, com Tiago Azevedo Mendes

Zahlé, Líbano, 23 out 2015 (Ecclesia) – O refugiado sírio Ibrhim Ibrahim disse à Agência ECCLESIA que precisam de lonas oferecidas pela Agência para os Refugiados das Nações Unidas (UNHCR) para se protegerem do frio e para cobrir o pequeno negócio que montou Zahlé.

"Todos os dias nós temos que nos deslocar à vila mais próxima para comprar alimentos. Os transportes são caros e os refugiados são pobres e vivem do auxílio das organizações humanitárias. Por isso decidi retomar aqui o que já fazia na Síria e abri esta pequena loja", contou Ibrhim Ibrahim enquanto orientava os amigos que o ajudavam a organizar o negócio.

Ibrahim chegou ao Líbano há três anos "porque não havia segurança e a ameaça dos bombardeamentos era constante", tempo suficiente para se aperceber que como é modo de vida no campo de Zahlé, no Vale de Bekaa, e as condições meteorológicas durante o inverno

"As condições são muito duras, o frio e a neve dificultam muito a vida nestas habitações. É por isso que estou a proteger a minha loja”, disse à reportagem da Agência ECCLESIA que acompanha uma delegação da Cáritas Portuguesa em visita aos projetos de apoio aos refugiados, no Líbano.

Também em Zahlé, a tenda de Mohamad El Ahmad Hamed, chefe de uma família vasta, acolhe os filhos e prepara-se para receber o primeiro neto, fruto do casamento no campo de refugiados do filho com 16 anos com uma rapariga com 14, que está no quinto mês de gravidez.

"Já organizei o espaço, fiz uma divisão nas tendas para eles terem mais privacidade”, disse Mohamad.

No campo de Zahlé a generalidade dos refugiados são muçulmanos que se encontram no Líbano, onde as famílias são naturalmente numerosas e os dias vivem-se um de cada vez

"Soube há poucos dias que faleceu o meu pai, mas eu não posso regressar. Estou proibido de entrar em território Sírio. Quero voltar um dia com a minha família”, sublinhou recordando que deixou tudo no seu país.

Preocupado com a chegada do inverno, recorda que o campo teve alguns melhoramentos, uma vez que “vieram espalhar pedra pelo chão” e antes, com a chuva e a neve não se podia andar, “tudo estava cheio de lama”, mas “agora está muito melhor".

Zahlé fica a 30 quilómetros de Damasco, a capital da Síria; à noite, quando há mais silêncio, é possível escutar as explosões para lá da fronteira.

O Estado libanês não autoriza campos de refugiados, permite que os deslocados sírios aluguem casas ou possam arrendar terrenos onde depois, montam as tendas, como acontece no Vale de Bekaa, onde se encontram dezenas de pequenas concentrações de tendas.

Nestes campos estão apenas refugiados muçulmanos, que representam 92% da totalidade dos deslocados; os refugiados cristãos, conseguem alugar habitações e alguns partiram para outros países onde foram acolhidos por familiares.

HM/PR

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Agência ECCLESIA

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