«A cultura do cuidado é chamada a construir uma paz» – D. António Marto
Fátima, 07 jan 2021 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima alertou que “as primeiras vítimas” dos “conflitos, guerras” e da pandemia de Covid-19 são “os mais frágeis, os mais vulneráveis, os mais pobres”, criticando o aumento das desigualdades.
“Vemos milhões de crianças dizimadas pela fome, pela guerra, crianças, homens e mulheres que fogem da miséria em que vivem à procura de melhores condições de vida. Vemos depois os sem-abrigo, vemos também aqueles que vivem sós, isolados, votados à solidão”, indica D. António Marto, num vídeo publicado pelo Santuário de Fátima.
O cardeal português refere que se “multiplicam os conflitos e as guerras em várias partes do mundo” e “até escandalosamente se têm aprofundado as desigualdades sociais”, as primeiras vítimas “são os mais frágeis, os mais vulneráveis, os mais pobres”.
“Todos nós estamos conscientes de que esta terrível pandemia teve um impacto forte em todos os setores da vida e da humanidade e transformou também a paisagem cultural e espiritual em que vivemos”, refere, no primeiro vídeo de uma série que vai apresentar a exposição ‘Rostos de Fátima’, do Santuário nacional.
O bispo de Leiria-Fátima salienta que a pandemia de Covid-19 levou a fazer a “experiência profunda da vulnerabilidade, da fragilidade, da precariedade” na vida, da saúde, dos bens materiais e “da própria condição humana”.
“É um abalo existencial que nos convida e provoca e leva a abrir a nossa mente, o nosso espírito, o nosso coração para a outra dimensão da vida: A dimensão espiritual, a dimensão transcendente, uma abertura do coração e da mente ao mistério pleno e último e definitivo da vida que chamamos Deus”, desenvolve.
Segundo D. António Marto, a pandemia ajuda a “amadurecer” a necessidade de uma renovada fraternidade, “a fraternidade de quem tem a consciência de que não se salva sozinho e não pode permanecer indiferente diante do seu próximo, do seu irmão”.
O cardeal recorda que o Papa Francisco convida a exprimir esta fraternidade na “cultura do encontro” e daí deriva a “cultura do cuidado”: “O cuidado não é só prestar cuidado e serviços, o cuidado é antes de mais, a proximidade, a atenção, o acolhimento do outro, a compreensão, a partilha, o seu sofrimento, a compaixão, a solidariedade”.
O responsável católico assinala que a cultura do cuidado “é chamada a construir uma paz”, não apenas como ausência da guerra dos armamentos, mas “a paz verdadeira que cria uma harmonia”.
“A paz consigo mesmo, a paz com os outros, a paz com Deus e a paz com a Criação, isto é, com a nossa terra que é a nossa casa comum e que é tão ferida, tão devastada, tão maltratada”, acrescenta D. António Marto.
O bispo de Leiria-Fátima inaugurou uma série de vídeos sobre a exposição temporária ‘Rostos de Fátima’ onde vários interlocutores vão refletir sobre cada um dos núcleos da nova mostra que apresenta a história de Fátima a partir dos nomes que a fizeram, e pode ser visitada gratuitamente até 15 de outubro de 2022, no Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.
CB/OC
Igreja/Cultura: Exposição mostra os «Rostos de Fátima» sem máscara (c/fotos e vídeo)