Legislativas: Cardeal-patriarca pede mais destaque para a família nas propostas eleitorais

D. Manuel Clemente apela à «atenção democrática» dos eleitores e abordou necessidade de resposta «integrada» para os refugiados

Fátima, Santarém, 25 set 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje que a família não tem merecido a atenção “prioritária” que “devia ter” nos programas eleitorais, pedindo atenção “à vida na sua fase de gestação”.

“Eu vejo nos programas partidários algumas referências à situação das famílias, ao seu aspeto económico, mas o problema é muito maior do que esse”, realçou D. Manuel Clemente, falando aos jornalistas, em Fátima, durante as Jornadas Nacionais de Comunicações Sociais promovidas pela Igreja Católica.

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), é essencial colocar a vida das famílias “na base de qualquer programa político”, porque é nelas que “as sociedades nascem”.

“É completamente diferente pensar hoje numa sociedade a partir de indivíduos e a partir de massas, duas abstrações, ou a pensar nestes agregados fundamentais que são as famílias, e tirar daí consequências”, insistiu.

O patriarca de Lisboa admitiu as dificuldades de apresentar ideias de forma “rápida” no ambiente da campanha eleitoral.

“As campanhas valem o que valem, mas não determinam absolutamente a vontade dos eleitores”, observou.

Para D. Manuel Clemente, a “atenção democrática” dos cidadãos tem de ser “muito mais distendida”, não se limitando a duas semanas de campanha eleitoral.

O cardeal português recordou depois aos jornalistas que no início deste mês enviou uma carta aos diocesanos sobre os “critérios cristãos da vida política”.

O responsável lamentou ainda a tendência para “abster-se” na vida política, social ou profissional.

“Não nos podemos deixar de fora, porque as coisas que dizem respeito a todos só se resolvem com todos”, apelou.

D. Manuel Clemente vai estar em Roma a 4 de outubro, para o início do Sínodo dos Bispos, e revelou aos participantes nas Jornadas Nacionais de Comunicações Sociais que ia cumprir hoje o seu dever de votar nas próximas Legislativas.

O presidente da CEP aludiu depois ao acolhimento previsto de 4500 refugiados, defendendo que a resposta tem de ser “integrada”, com o Estado português, organizações da sociedade civil e católicas, e as instituições internacionais.

“Não é uma presença episódica, as pessoas trazem os filhos, os parentes. Há aqui uma dimensão de acolhimento que significa acompanhamento, aprendizagem da língua, integração local, possibilidade de trabalho”, adiantou.

D. Manuel Clemente mostrou-se “satisfeito” pela grande disponibilidade com que as pessoas “se manifestam em relação a esse problema”, antecipando a necessidade de um acolhimento religioso, espiritual e cultural.

“Isso para nós é um desafio, mas penso que isso também está muito na nossa massa portuguesa. É o nosso ADN”, sustentou.

LFS/OC

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