«Laudato si»: Bispo de Beja destaca «visão bíblica» acerca do homem e do mundo

Encíclica incomoda quem quer «empurrar a Igreja e os cristãos para a sacristia», aponta D. António Vitalino

Beja, 30 jun 2015 (Ecclesia) – O bispo de Beja diz que a mais recente encíclica do Papa Francisco sobre a ecologia vai ao encontro de uma “visão bíblica“ acerca do homem e do mundo que a Igreja Católica não pode deixar de defender e transmitir.

“Alguns querem empurrar a Igreja e os cristãos para a sacristia, para uma expressão da fé privada, fora do espaço público. A Bíblia não é um livro de ciência moderna, mas não deixa de ser uma leitura inspirada pelo Espírito Santo da vida do ser humano situado no planeta terra, lendo os acontecimentos da sua história na perspetiva da sua orientação para Deus”, salienta D. António Vitalino, na sua habitual nota semanal.

No texto, enviado hoje à Agência ECCLESIA, o prelado realça a leitura do Papa argentino, segundo a qual na “visão bíblica do homem e do mundo” estão contidos “os fundamentos de uma ecologia integral, ou seja, do ser humano considerado em todas as suas dimensões e relações: consigo próprio, com o ambiente, com os seus semelhantes e com Deus”.

“A liberdade da pessoa não é absoluta. Realiza-se na relação harmoniosa com os outros seres e no respeito da sua dignidade, não lhe conferindo o direito de os usar como objetos ou escravos dos seus desejos egoístas e relativistas”, reforça o bispo alentejano.

D. António Vitalino destaca a interpelação que Francisco deixa particularmente aos cristãos, ao frisar a importância destes “conhecerem as raízes da sua fé, para poderem dar o seu contributo para a presente crise ecológica que o mundo atravessa”.

“Quem está empenhado na dignidade da pessoa humana e na procura da viabilidade de um desenvolvimento justo e para todos encontra na fé cristã as razões profundas para tal compromisso”, diz o Papa no número 65 da encíclica “Laudato si”.

Para o bispo de Beja, o novo documento da Igreja Católica relativamente à Ecologia e ao Meio Ambiente representa também “um apelo profético, para que o mundo não embarque na voragem de um desenvolvimento sem limites”.

“O conhecimento técnico habituou-nos a tratar tudo como objetos manipuláveis e não como seres com a sua dignidade própria, que merece ser respeitada e tida em conta”, denuncia D. António Vitalino, para quem “o desenvolvimento científico e tecnológico precisa de ser acompanhado de uma sólida educação para os valores e a ética”.

Constituída por um total de 246 números, divididos em seis capítulos, a encíclica “Laudato si, sobre o cuidado da casa comum”, do Papa Francisco, foi publicada a 18 de junho último.

JCP

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