Lançar sementes do futuro

Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Leira-Fátima Os tempos são de desafios e com inúmeros estímulos para muitos jovens trilharem por caminhos fáceis e muitas vezes contraproducentes. As bases educacionais familiares, a escola, o desporto, a música, a ida à discoteca… são apenas algumas das vivências definidas como prioritárias da juventude deste início de século XXI. A religiosidade e as actividades com os princípios cristãos podem significar a diferença para muitos jovens. Nos grupos cristãos existe um crescimento saudável, com particular visão de vida. Os jovens precisam muitas vezes de orientação, de quem os encaminhe na fé. Assim, existem actividades que originalmente podem dinamizar nas comunidades onde vivem, interiorizando e vivendo a fé e o Evangelho de Jesus Cristo com mais intensidade. Com a proximidade do Domingo de Ramos, data que se assinala o Dia Mundial da Juventude, o jornal “O Mensageiro” foi conhecer o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ). Em entrevista com o Pe. Manuel Henrique, Director Assistente Espíritual da Diocese de Leiria-Fátima no Secretariado da Pastoral Juvenil e o Paulo Adriano, Coordenador dos projectos de toda a dinâmica deste organismo, ficámos a conhecer os obreiros que se dedicam à juventude. O trabalho orientado por estes dois jovens e uma equipa de mais sete elementos, passa por desenvolver iniciativas próprias da Pastoral Juvenil Diocesana e de apoiar os grupos existentes nas paróquias. Com sede no Seminário Diocesano de Leiria, o SDPJ trata de um conjunto de serviços designados pelo Bispo de Leiria-Fátima, para apoiar os grupos de jovens ligados às paróquias ou outros movimentos existentes. Desenvolvem também algumas acções próprias da Diocese tais como os Encontros de Oração Shemah, o Festival da Canção Jovem, Retiro Diocesano de Jovens e a Peregrinação Diocesana Jovem a Fátima e a Taizé. A equipa do SDPJ torna a vida da juventude da Diocese de Leiria-Fátima com mais sentido. Como eles próprios afirmam, são uns autênticos “agricultores” porque a base do seu trabalho é “lançar sementes para o futuro”. Como é constituído o SDPJ? É constituído essencialmente pelo assistente, coordenador de projectos e os restantes elementos da equipa. Ao todo são nove elementos de vários quadrantes da Diocese. Com quantos grupos de jovens e movimentos estão em contacto? Com todos aqueles que são diocesanos ligados às paróquias e também de outros movimentos. Infelizmente, já não são muitos os grupos que tenham actividade regular, porque hoje em dia a realidade é completamente diferente de há 15 anos atrás. Havia muito mais grupos de jovens organizados, mais gente nova que ficava mais tempo na sua terra. Agora saem cedo para as universidades, para os desafios profissionais noutras paragens, fazendo com que não se estabeleçam tanto tempo nas suas origens. Os canais de comunicação da Pastoral Juvenil para além de privilegiarem os grupos, os movimentos e serviços ao nível diocesano, também privilegiam as pessoas individualmente num contacto mais estreito. Deixou-se de apostar nos jovens apartir do 10º ano escolar porque existem outras ofertas que seduzem esses jovens, captando a sua atenção para outras vertentes na vida. Basta vermos o que eram algumas paróquias há alguns anos atrás, onde não havia actividades como o desporto, teatro, grupos musicais, sendo agora o cenário completamente diferente com um número inesgotável de desafios para os jovens. Essa particularidade reduziu significativamente o número de grupo de jovens que noutros tempos era maior em quantidade e também no número de participantes. E esse problema é sentido especialmente em Leiria. A comprová-lo é a peregrinação Fátima Jovem em que a nossa Diocese de Leiria-Fátima está representada apenas com 20 elementos e por exemplo Aveiro leva 900 jovens ou Braga com 2.000 representantes. E como se organizam internamente? Está difícil ter formadores, pessoas que trabalhem connosco, que se dediquem a este tipo de organizações. Agora, os jovens no Verão querem trabalhar para ganhar dinheiro, deixando para trás a sua dedicação aos grupos ou movimentos juvenis religiosos. Existem iniciativas para as quais não conseguimos recrutar pessoas que se associem ou que nos representem acontecimentos. Existe actualmente uma cultura do trabalho que priva os jovens de se dedicarem mais estreitamente aos grupos. Isso não é mau mas dificulta estas vivências porque os jovens estão a optar pelo que lhes dá mais “lucro” no momento. Que actividades e serviços estão a desenvolver actualmente para esses grupos de jovens? Actualmente tentamos congregar estes grupos e movimentos para a dinamização de iniciativas, facultando algumas propostas concretas, de maneira a sensibilizar os seus membros para a necessidade de interagir, embora o papel do SDPJ seja sobretudo de apoio a todas as acções. O SDPJ pretende ser o ponto de partida e chegada de informação. Ou seja, nas iniciativas que os grupos levam a cabo, na divulgação e orientação, somos o ponto de convergência para chegar aos outros jovens de toda a diocese. Se a actividade tiver características nacionais, incumbimo-nos de providenciar todos os mecanismos para que a nossa juventude também participe nessa iniciativa. Se por exemplo existir algum movimento que promova um retiro, somos um suporte informativo e de orientação para facilitar a participação dos jovens da nossa diocese. Além disso, também temos as nossas propostas, essencialmente nas áreas de maior carência. Como exemplo, os Shemás, espaços de reflexão e oração para jovens. Tem superado as expectativas a participação dos jovens e verificamos que para além das iniciativas de carácter lúdico os espaços de interiorização, do despertar de consciência e da oração, têm sido uma opção aceitada pela expressiva participação da juventude. O interessante nestes Shemás é o facto de que vivendo numa sociedade que oferece tanta coisa aos jovens, eles tomarem como prioritário o recolhimento às sextas-feiras à noite para a oração. Esta particularidade é relevante para nós promotores. Em preparação para 2007 pretendemos cumprir com a habitual peregrinação a Fátima, os retiros, caminhadas quaresmais, a preparação de uma peregrinação a Santiago de Compostela e caminhadas do Advento. E os animadores? A falta de animadores e também da sua formação é uma preocupação da Pastoral Juvenil Diocesana. Esta talvez seja a maior dificuldade da nossa organização. Precisamos de alguém que puxe e incentive os jovens. Precisamos de pessoas com cariz, que mantenham presença assídua, dando uma “luz” permanente a todas as actividades. Os jovens precisam de alguém que vejam como um exemplo. Com mais animadores as várias equipas das vigararias poderiam partilhar iniciativas em conjunto. Mas não deveria haver uma intervenção maior do SDPJ? A equipa que desenvolve toda a acção da Pastoral Juvenil tem no seu dia-a-dia outros compromissos. Assim, fica mais difícil propor ou promover mais acontecimentos. Muitas vezes nos perguntam o que vamos fazer, qual o nosso papel nas paróquias. Mas importa questionar se o SDPJ tem a obrigação de substituir aquilo que é a realidade de cada paróquia. Muitas pessoas podem pensar que não existem mais grupos de jovens porque o Secretariado não trabalha bem. Devemos começar a pensar o contrário. A Diocese tem mais de setenta paróquias e deve ser no seu seio que se devem formar os grupos ou movimentos juvenis. A nossa missão é apoiar e promover os grupos de jovens e não de os lançar, porque nesse capítulo consideramos que somos “estrangeiros”, não cabendo a nós essa iniciativa. Essa é uma questão que tem de partir do seio de cada localidade. Que destaques apresentam na mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Juventude? Achamos que é positivo este Papa ter contemplado muitos conteúdos de João Paulo II. Este factor é muito importante porque o anterior Papa teve um grande peso na juventude. É comum dizer-se que “Jesus Cristo é que move”, esta realidade é uma verdade. Sentimos que João Paulo I foi um excelente mensageiro desse movimento, estando agora Bento XVI a corresponder igualmente. Na sua mensagem para a XXI Jornada Mundial da Juventude, o Papa faz uma ligação àquilo que João Paulo II fez numa das suas encíclicas. Mas o que achamos mais estimulante foram três desafios bem concretos: Tratando os jovens por queridos; apela aos jovens para amarem a palavra de Deus como aquela que orienta e permite o acesso a um tesouro. O segundo desafio é a meditação dessa palavra de Deus e que os jovens se deixem guiar pelo Espírito Santo. Assim meditamos e vamos ao seu profundo. Por último, lança o desafio aos jovens de adquirirem a Bíblia para que ganhem intimidade com ela. Que se estabeleça uma relação com a Bíblia. A sua mensagem é rica porque torna essencial a palavra de Deus, lançando-a como uma chama na nossa vida. Que desafios para o futuro? É necessário dar objectivos aos jovens. Tal como era linha de referência de João Paulo II, é preciso dar as responsabilidades nas mãos dos jovens. Agora, Bento XVI, prosseguindo esta linha, refere a necessidade de não substituir o papel essencial dos jovens, referindo: “dai-lhes luz, dai-lhes caminhos e agarrem-se porque o projecto é vosso”. Tendo como base esta vontade de Bento XVI, a aposta para o futuro dos jovens é a consciencialização de que é importante amar a Igreja. Estão aqui alguns estímulos para o futuro. A preparação para as Jornada Mundial da Juventude de 2008 em Sydney é outro caminho a seguir para o futuro. O Papa vai centrar as suas atenções neste grande acontecimento no Espírito Santo: “recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas”. Assim, nos próximos dois anos, vamos caminhar centrados na palavra, no amor de Jesus Cristo e no Espírito Santo. Joaquim Santos

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