Lamego: Catequese em paróquias pequenas está a ser reequacionada

Solução para a falta de catequistas e de crianças suficientes para formar grupos pode passar pela criação de pólos «supraparoquiais»

Lamego, Viseu, 24 jan 2012 (Ecclesia) – A Diocese de Lamego está a ponderar a hipótese de acabar com a catequese em paróquias com poucos fiéis, transferindo-a para comunidades que reúnam crianças e jovens de várias comunidades.

A medida foi sugerida pela reforma do sistema educativo público, que tem encerrado escolas com poucos alunos, concentrando-os em centros com estudantes oriundos de freguesias vizinhas, explica o diretor do Centro de Estudos Sócio-Pastorais da diocese lamecense em texto publicado na edição de hoje do Semanário Agência ECCLESIA.

O padre Paulo Alves revela que está em curso uma reflexão sobre a criação de “modelos supraparoquiais”, com o objetivo de encontrar uma resposta “qualitativamente mais adequada” ao “elevado interesse das crianças e adolescentes em frequentar a catequese” que não encontram catequistas nem soluções pedagógicas adequadas.

A diminuição da população impede a formação de “grupos com número razoável”, ao mesmo tempo que a Igreja se depara com “a dificuldade de dispor de agentes preparados”, pelo que, aponta o sacerdote, “tem-se concluído sobre a conveniência da criação de estruturas arciprestais”, isto é, agrupadas regionalmente.

O responsável lembra que a reorganização da rede escolar estatal extinguiu “inúmeras escolas do 1.º ciclo, situadas em quase todas as freguesias”, tendo sido constituídos centros que, em “alguns casos”, tendem a acolher todos os estudantes do concelho localizado 400 km a norte de Lisboa.

O atual administrador apostólico da Diocese de Lamego, D. Jacinto Botelho, alertou em agosto de 2010 para as implicações familiares e sociais do encerramento de escolas primárias.

“Estamos a retirar das nossas populações, já tão carenciadas e esquecidas, um meio que ainda poderia ser um fator de atração, pelo que o encerramento das escolas é um fator que no futuro contribuirá, sem dúvida, para uma maior desertificação”, sublinhou o então bispo lamecense em declarações à Agência ECCLESIA.

A causa dos encerramentos, segundo as afirmações do prelado, está na diminuição da natalidade, que por sua vez radica numa questão moral: “Há um grande egoísmo por parte das famílias na questão da paternidade, pelo que hoje os filhos são muito menos”, referiu.

RJM

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