D. Manuel Clemente presidiu a Eucaristia na Sé pela abertura do ano judicial
Lisboa, 19 jan 2017 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa alertou para a necessidade de uma atenção constante por cada pessoa, no âmbito da Justiça, falando na Eucaristia a que presidiu por ocasião da abertura do ano judicial português, esta quinta-feira.
“Não foi por acaso que os estabelecimentos para cumprimento das penas se chamaram ‘penitenciárias’, um nome de origem cristã que transporta oportunidade de regeneração e reinserção social, mesmo e já em liberdade”, desenvolveu, numa homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo Patriarcado de Lisboa.
O cardeal português realçou que “a justiça tem naturalmente o seu tempo e o seu processo”, mas a revelação da pessoa “exige uma atenção permanente e positiva” que é preciso considerar “antes, durante e depois de cada caso julgado”.
“Conscientes das exigências da justiça, as quereis cumprir a partir da Fonte. Dessa mesma Fonte que, enquanto crentes, encontrais em Deus. Em Deus, constante Criador de tudo e de todos, e por isso mesmo princípio de igualdade, solidariedade e justiça – e seu primeiro e último reivindicador também”, disse, na Sé de Lisboa.
O cardeal-patriarca destacou a “disposição de viver e trabalhar a partir de Deus e com Deus” dos agentes judiciais e explicou que “virtude humana” são “atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade”.
Já sobre a justiça, realçou que esta “é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido”.
Neste contexto, sublinhou indicações operativas sobre a justiça, que “leva a respeitar os direitos de cada qual” e que “leva a estabelecer, nas relações humanas, a harmonia que promove a equidade em relação às pessoas e ao bem comum”.
“Com tal definição e tais indicações, a justiça passa necessariamente por cada um de vós, no respetivo trabalho, aqui também celebrado. Mas garante-se além de vós, com o próprio Deus, nesta Missa invocado”, desenvolveu, na reflexão intitulada ‘A oportunidade diária da felicidade e da paz’.
A partir das leituras da celebração, D. Manuel Clemente assinalou que “a boa justiça restabelece a relação na verdade e, só assim, proporciona a paz”.
Na Sé de Lisboa, o cardeal-patriarca recordou que, “no tempo em que se ergueram as naves” da catedral, “boa parte da justiça e da respetiva administração” passava pelo âmbito eclesiástico e canónico e dali “partiam normativas que incidiam na vida da população em geral”.
D. Manuel Clemente começou a sua homilia a expressar “muito gosto e adesão” por receber os agentes judiciais na celebração, pela “muita estima e consideração” que tem pelo “serviço a bem da justiça”.
“A adesão vem da concidadania que nos liga para o bem de todos, segundo a responsabilidade própria de cada um”, acrescentou, na intervenção também publicada no sítio online do Patriarcado de Lisboa.
CB/OC