Faro, 13 fev 2015 (Ecclesia) – A Diocese do Algarve e o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD) promoveram as segundas Jornadas da Pastoral da Pessoa com Deficiência que foram um repto à “esperança” e integração, na paróquia das Ferreiras.
“Há que renovar a esperança todos os dias porque aquilo que se vê é mais escuro do que claro”, apelou Maria Isabel do Vale do SPPD, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana.
“A maioria das paróquias do Algarve caminhou no sentido de olhar a pessoa com deficiência”, destacou por sua vez Anabela Nobre, do Serviço Diocesano de Pastoral a Pessoas com Deficiência (SDPPD) sobre a campanha do último Advento desenvolvida em parceria com o Setor da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve.
A iniciativa “chegou a muita gente e tocou os corações”, em particular as crianças que “participaram com entusiasmo”, acrescentou.
As segundas Jornadas da Pastoral da Deficiência realizaram-se com o tema “Senhor, todos Te procuram” e como objetivo pretendiam “envolver as pessoas que nas comunidades paroquiais têm alguma deficiência, desde física a mental, os seus familiares, assim como aqueles que têm por missão de os acompanhar”.
Segundo o jornal diocesano Folha do Domingo (FD) participaram cerca de 50 pessoas oriundas da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, das paróquias de Boliqueime, Ferreiras, Fuseta, Loulé, Paderne e Sé de Faro.
Do programa constava uma tertúlia orientada por Leonor Mendonça (SDPPD) e Tiago Casaleiro (SPPD) que despertou para a necessidade de “desligar o ‘complicómetro’”.
“Porque é que complicamos tanto? Porque é que, quando vou para a escola do Afonso, sou a mãe do “caso”?”, interrogou Leonor Mendonça, que apresentou a sua realidade concreta e explicou que a turma do filho é mais reduzida porque tem um “caso”.
“Precisamos de descomplicar”, observou, reconhecendo que “a diferença mete medo” e que as famílias com pessoas portadoras de deficiência “tiveram que conquistar um lugar”.
Por sua vez, Tiago Casaleiro disse que normalmente “integrar“ esta problemática na pastoral da Igreja “pensa-se em criar uma rampa na igreja”.
“Se somos chamados a ser comunidades que têm que acolher mas somos uma força de bloqueio desse acolhimento então alguma coisa tem de mudar”, desenvolveu sobre a importância da integração de pessoas com deficiência e a necessidade de “refletir muito até na questão dos sacramentos”.
Isabel Vale acrescentou que em Portugal ainda “é uma coisa muito complexa” mas noutros países este tema “já tem 50 anos”: “Em Portugal está tudo por fazer e vamos ter de encontrar parcerias.”
‘O dom de um Deus frágil’, foi o tema da conferência do padre António Manuel Martins que encerrou os trabalhos do dia 8 de fevereiro e depois inauguraram uma exposição para além de uma gincana e um sarau.
A responsável do SPPD explicou que a “construção de uma rede de dinamização do serviço ao nível das dioceses” com outros serviços como a família, a juventude, a liturgia ou a catequese é um dos objetivo.
Nesse sentido apresentou actividades que pretendem desenvolver como conhecer “a realidade da participação das pessoas com deficiência na vida da Igreja”; “um levantamento das pessoas com deficiência existentes em cada paróquia e freguesia”; “a construção de um sítio na internet” e a “dinamização da reflexão científica, em particular teológica, sobre as problemáticas das deficiências a diversos níveis”.
FD/CB