JOC apresentou Campanha Nacional

Em 2008 Braga atinge 75 mil desempregados O distrito de Braga pode atingir, em 2008, os 75 mil desempregados e a região do têxtil, cujas empresas se concentram nos vales do Ave e Cávado e empregam cerca de 212 mil operários, pode ficar, dentro de cinco anos, com menos 83 mil postos de trabalho. Estes dados foram avançados ontem pelo professor da Universidade do Minho Manuel da Silva e Costa, durante a apresentação da Campanha Nacional da Juventude Operária Católica (JOC), subordinada ao tema “Trabalhador… Boneco de produção? Não!”, que decorreu no novo Centro Cultural e Pastoral de Braga. «Se o desemprego nacional se situa nos 7,5 por cento, no Vale do Ave essa taxa está nos 12 por cento da população activa. A nível nacional o desemprego jovem entre os 15 e os 24 anos de idade situa-se nos 15 por cento», disse o sociólogo, que lamentou que «estes jovens, muitos deles afectados pelo insucesso escolar ou com formações inadequadas ao mercado de trabalho, experimentam um sem número de barreiras para conseguirem um posto de trabalho, ainda que precário e mal remunerado». A propósito, o docente universitário alertou para a possibilidade real de, «dentro de pouco tempo, todas as funções de baixa qualificação, repetitivas e sem valor acrescentado terem um carácter precário e tenderem a ser residuais no mercado do emprego». Para Manuel da Silva e Costa, o problema não está nos trabalhadores que possuem altas qualificações e formação superior, porque «mesmo que tenham de passar por processos de reconversão académica, terão capacidade de empregabilidade e de circular de empresa para empresa com certa facilidade». «O problema sério é o daqueles que foram vítimas do insucesso escolar e que não têm competências técnico- profissionais», referiu o sociólogo, que classificou como «erro histórico» a supressão destes cursos nas escolas do país. Conformado com a «institucionalização do desemprego e da precariedade» nas sociedades ocidentais, o professor da UM não deixou de apontar o dedo à falta de visão político-estratégica das elites nacionais, que gerou uma «economia portuguesa particularmente vulnerável à precariedade». Isto representa «a falência do nosso modelo de desenvolvimento e de sociedade», sustentou o especialista, para quem «retórica da globalização assenta na vitória e nos interesses de uma minoria à custa da exclusão da maioria». «Falta estalar o verniz » O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa também se mostrou preocupado com a crise que tem afectado o país. Na conferência de imprensa, D. Jorge Ortiga lamentou, no entanto, que «determinadas estatísticas não estejam a ser devidamente sublinhadas. Dá a impressão que ainda vivemos com um pouco de verniz, que mais, tarde ou mais cedo vai, começar a estalar perante situações de desigualdade e indignidade de vida». O prelado bracarense “socorreu-se” do 40.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, que a Igreja Católica celebra no dia 8 de Dezembro, para recordar que «a Constituição Lumen Gentium veio revolucionar a concepção sobre a Igreja. Esta já não pode ser vista apenas numa perspectiva hierárquica, mas como povo de Deus, que não assiste passivamente àquilo o que os padres e os bispos vão realizando». Nesse sentido, «é missão da Igreja orientar a sua acção para o mundo que a circunda e para a vida, que pode ser mais ou menos digna, mais ou menos feliz. Importa, por isso, analisar e reflectir, mas também propor soluções e pistas de superação para a precariedade no trabalho e o desemprego», explicou D. Jorge Ortiga. Assim, a presidente da JOC explicou que para não se cair «em subjectivismo, o Movimento compromete-se em centrar, de forma concreta, a acção num local onde esta realidade da precariedade se faça sentir mais». «Escolhemos a nível nacional a região do Vale do Ave, por sentirmos que neste momento é uma zona muito marcada por esta realidade. Como sinal da caminhada que vamos fazer durante este ano, no dia 16 de Julho de 2006, iremos ter um grande encontro de jovens nesta região», referiu Maria das Neves Jesus, que realçou que «a Campanha Nacional não se dirige apenas aos jovens do Movimento, mas é destinada a todos os jovens».

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