João Salgueiro defende «mudança de política»

Economista sublinha que Portugal tem o pior desempenho da Zona Euro

Desde o início do século que existem razões para “uma mudança de política” visto que “temos o pior desempenho de todos os países da Zona Euro”, lamentou esta manhã (27 de Outubro) o economista João Salgueiro no IX Seminário «Reflexão Estratégica».

A decorrer em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, esta iniciativa é promovida pela «CentroMarca». Com um crescimento “inferior a um”, Portugal – entre 180 países – tem “o terceiro pior desempenho” em termos de crescimento – realça João Salgueiro, fundamentado num estudo.

Vários estudos académicos – nacionais e internacionais – mostravam que Portugal seria o país “mais afectado pela transformação que se fez depois da queda do Muro de Berlim” – disse.

Com o avanço da globalização e com a uniformização de regras institucionais o panorama alterou-se. Se na década de noventa, “o Estado tinha recursos para gastar, podia gastar mais do que a base produtiva do país permitia”. Esses recursos tinham duas fontes: “a queda da taxa de juro e as receitas das privatizações”.

Para o antigo ministro das Finanças, o “pântano começou quando esses recursos acabaram”. Desde essa altura que “não se consegue o equilíbrio a não ser através das receitas extraordinárias” ou “artifícios” – lamenta João Salgueiro.

Os portugueses “tinham direito a mais” e “tinham aspirações a mais”. Ao nível de esclarecimentos, o economista reconhece que a crise “não é mundial”, mas da “Europa e da América do Norte”. A crise não atingiu os países produtores de petróleo nem os países emergentes na área industrial. “A década de maior crescimento do mundo é esta” – disse aos participantes.

Desfocados da realidade, os portugueses acham que “a nossa ineficácia era a consequência da crise mundial” e exemplifica com os casos de sucesso da Alemanha, Áustria e países Nórdicos “que perceberam isso antes” e “começaram a ter medidas para se tornarem mais eficazes”.

Centrados no “desequilíbrio das Finanças Públicas”, João Salgueiro apela à correcção “deste desequilíbrio para se poder sobreviver e pode flutuar”. E avança: “precisamos de uma estratégia que nos permita sair do desempenho que tivemos na última década”. Se tal não acontecer, “os credores não emprestam dinheiro a uma empresa que não tem perspectivas de sobrevivência”.

Os tempos mais próximos não se adivinham fáceis porque não «se fez o trabalho de casa». “Quando se resolve reduzir os vencimentos e congelar as pensões no sector público foi uma medida de emergência, mas o que foi feita ao nível da reorganização da administração pública que estava reconhecida como necessária há cinco anos?” – perguntou.

À classe política não poupa críticas. “Nós recrutamos o pessoal político pelas «jotas»” ao contrário do que fazem os outros países. Perante estes factos, “não é de espantar que os resultados sejam estes” – confidenciou. “Um paradigma novo é essencial” para que Portugal possa sair da crise.

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