João Paulo II: «Papa de Fátima» chegou há 30 anos, após ter sobrevivido a atentado

Antigo responsável pela pastoral prisional na Itália recorda encontro entre o beato polaco e Ali Agca, autor dos disparos

Lisboa, 09 mai 2012 (Ecclesia) – O atentado sofrido a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, despertou a atenção de João Paulo II para Fátima e colocou no caminho do Papa polaco a figura de Ali Agca, autor dos disparos.

Há quase 30 anos, no aniversário do atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Portugal para “agradecer à Divina Providência”.

“Levo no coração o cântico de ação de graças de Nossa Senhora, por Deus me ter salvado a vida, aquando do atentado sofrido, a 13 de maio”, disse o Papa polaco, em Lisboa, no dia 12 de maio de 1982.

Além de Fátima e da capital portuguesa, João Paulo II passou ainda por Vila Viçosa, Coimbra, Braga e Porto, ao longo de quatro dias.

O mais próximo colaborador do Papa polaco, o cardeal Stanislaw Dziwisz, revelou numa conferência apresentada em Fátima, em outubro de 2007, que nos dias imediatamente a seguir ao atentado “João Paulo II nunca pensou em Fátima”.

Só mais tarde, perante a coincidência da data, 13 de maio, pediu para ver a terceira parte do segredo e “reconheceu naquela visão o seu próprio destino”.

Karol Wojtyla (1920-2005) perdoou publicamente ao turco Ali Agca quatro dias depois do atentado e visitou-o na prisão a 27 de dezembro de 1983. 

Um encontro preparado com muito cuidado, como revela à ECCLESIA monsenhor Fabio Fabbri, prelado de honra de Bento XVI e antigo responsável pela pastoral prisional na Itália.

“Era necessário que Ali Agca aceitasse de bom grado a visita do Santo Padre, senão poderia pensar-se que esta era uma imposição do Vaticano”, relata.

“O Papa quis perdoar Agca e este aceitou-o”, acrescenta.

Monsenhor Fabbri testemunhou de perto o encontro, ouvindo as primeiras palavras do turco, ao fechar a porta da cela, nas quais o autor do atentado se mostrava preocupado com a recuperação de João Paulo II e as sequelas do disparo na zona do abdómen.

“Sofre muito? Tem dores?”, foram algumas das questões colocadas por Agca.

Simbolicamente, a bala que lhe atravessou o corpo do Papa polaco repousa hoje na imagem da Virgem, colocada na Capelinha das Aparições do Santuário de Fátima.

PTE/OC

 

João Paulo II cumprimenta Mehmet Ali Agca, na prisão de Rebibbia, Roma, a 27 de dezembro de 1983 


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