João Paulo II em Lourdes

Neste domingo, dia da Assunção, o Papa João Paulo II celebrou uma missa na grande Pradaria dos Santuários de Lourdes, na presença de cerca de 400 mil pessoas. A peregrinação neste sábado e domingo do Sumo Pontífice a França, que celebra os 150 anos do dogma da Imaculada Conceição terminou com uma nova oração na gruta das aparições, antes de regressar a Roma, já ao fim da tarde. O mal e a morte não vencerão, não terão a ultima palavra, mas para isso é necessário seguir a mensagem da Virgem de Lourdes: sede homens e mulheres livres. Foi o que João Paulo II pediu ás dezenas de milhares de pessoas que participaram na celebração da Missa, acto publico conclusivo desta sua peregrinação. Mas atenção – salientou – enquanto que o bem que se faz não faz rumor, a humanidade traz consigo a ferida do pecado, cujas consequências continuam a fazer-se sentir também nas pessoas redimidas. O único caminho para sermos livres é portanto seguir Cristo, o libertador da humanidade. Na sua homilia João Paulo II falou também da missão particular que toca á mulher neste nosso tempo tentado pelo materialismo e a secularização: ser testemunhas daqueles valores essenciais que se vêem apenas com os olhos do coração. No inicio da sua homilia, João Paulo II recordando que a Igreja celebra este ano os 150 anos da definição solene do dogma da Imaculada Conceição afirmou ter desejado ardentemente efectuar esta peregrinação a Lourdes para recordar este acontecimento que continua a dar gloria á Trindade una e indivisa. A concepção Imaculada de Maria é o sinal do amor gratuito do Pai, a expressão perfeita da redenção realizada pelo Filho, o inicio da uma vida totalmente disponível á acção do Espirito. Comentando o trecho do Evangelho da solenidade litúrgica da Assunção – a visita de Maria a sua prima Isabel – o Papa salientou o amor concreto de Maria que não se limita a palavras de compreensão. Os sentimentos que Maria vive no encontro com a prima Isabel –acrescentou depois o Papa – entram com força no canto do Magnificat: a expectativa cheia de esperança dos pobres do Senhor e a consciência do cumprimento das promessas, porque Deus recordou-se da Sua misericórdia. Ao Magnificat segue o silencio: sobre os três meses de permanência ao lado da prima Isabel nada se diz – recordou ainda o Papa – acrescentando que talvez nos seja dita a coisa mais importante: o bem não faz rumor, a força do amor manifesta-se na paz discreta do serviço quotidiano. E de Lourdes o Papa quis lançar neste domingo um apelo especial ás mulheres, que no nosso tempo ,tentado pelo materialismo e pela secularização têm uma missão a desempenhar: ser na sociedade testemunhas daqueles valores essenciais que se vêem apenas com os olhos do coração. “A vós mulheres, a tarefa de serdes sentinelas do Invisivel!. A todos, irmãos e irmãs lanço um apelo premente para que façais todo o que está em vosso poder para que a vida, toda a vida, seja respeitada desde a concepção até ao seu fim natural. A vida é um dom sagrado, do qual ninguém se pode apoderar. A Virgem de Lourdes – disse o Papa a concluir – tem uma mensagem para todos: Sede homens e mulheres livres! Nesta sua peregrinação a Lourdes, João Paulo II levou e deixou nas mãos de N. Sr.a uma intenção particular: que seja concedido ao mundo o suspirado dom da paz, floresçam nos espíritos o perdão e a fraternidade, se deponham as armas, basta ódio e violência. Foi o próprio Papa que pediu a intercessão de Maria na oração inicial da procissão das velas ao redor do santuário neste sábado á noite. Procissão que o Papa seguiu da varanda da sua residência em Lourdes – l’Accueil Notre Dame. Aparecendo a Bernardette na gruta de Massabielle- A Virgem Maria iniciou um diálogo entre o Céu e a terra que se prolongou no tempo e dura ainda hoje. Á jovem, Maria pediu que se viesse aqui em procissão, quase a significar que este diálogo não pode limitar-se ás palavras. Mas deve traduzir-se num caminho com ela, na peregrinação da fé, da esperança e do amor. Confio-vos caríssimos irmãos e irmãos – disse o Papa na sua oração – uma intenção particular para a oração desta noite – invocai comigo a Virgem Maria para que conceda ao mundo o dom da paz. “Floresçam nos espíritos sentimentos de perdão e de fraternidade. Sejam depostas as armas e nos corações se apaguem o ódio e a violência. Cada homem veja no outro não um inimigo que se deve combater, mas um irmão a acolher e a amar, para construir juntos um mundo melhor. Juntos invoquemos a Rainha da paz e renovemos o nosso empenho ao serviço da reconciliação, do diálogo e da solidariedade”. Uma intenção que João Paulo II anunciara já antes de partir de Roma ,respeitando assim o seu empenho, e interpretando as angustias e os desejos deste difícil período histórico, e não só dos católicos. Uma oração feita com o sofrimento do rosto e da voz, mas também um empenho concreto: a Igreja católica – disse o Papa – deseja oferecer á sociedade um seu contributo especifico na construção de um mundo no qual os grandes ideais de liberdade, de igualdade e de fraternidade possam constituir a base da vida social na procura e promoção incansável do bem comum. Paz para o mundo pediu o Papa que manifestou também afecto pelos doentes, os verdadeiros protagonistas do primeiro dia da sua peregrinação a Lourdes. João Paulo II recordou também o motivo da sua visita: a celebração dos 150 anos da definição dogmática da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Uma veneração concretizada com a doação ao santuário de Lourdes de uma rosa de ouro – um tempo, privilegio das rainhas católicas, e hoje sinal do afecto que o idoso pontífice nutre por Maria. António Pinheiro

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