João Paulo II lançou hoje um apelo para a “erradicação definitiva” das minas terrestres, que considerou um “terrível flagelo dos tempos modernos”. Numa mensagem dirigida à I Conferência de exame da Convenção sobre a interdição das minas anti-pessoais, que decorre em Nairobi até amanhã, o Papa refere que estas armas “matam e mutilam numerosas vítimas inocentes”. O texto lembra ainda as dificuldades económicas levantadas por esta realidade, em especial “as terras agrícolas ainda minadas”. “É preciso que tudo isto acabe”, sublinhou. Nesse sentido, João Paulo II pede a “aplicação rigorosa” da Convenção de Ottawa, considerando que esta é “uma ocasião privilegiada para a família das nações, de forma a que construam uma humanidade renovada e pacificada”. A destruição dos depósitos de minas, a desminagem e a reinserção socio-económica das vítimas foram as propostas apresentadas pelo Papa, que chamou à “negociação multilateral e à cooperação internacional”. No início deste ano, a Santa Sé exigiu que todos os Estados adiram à Convenção internacional contra as minas terrestres, que classificou de “armas vis, assassinas e inúteis”. O tratado de Ottawa para a eliminação das minas terrestres entrou em vigor há cinco anos. Desde então 141 Estados assinaram o acordo e comprometeram-se a não estas armas, proibir sua produção, armazenamento e venda a outros países; 45 outros países ainda têm minas enterradas no seu território. Em 2003, entre 15.000 e 20.000 pessoas morreram ou ficaram mutiladas após pisar uma mina terrestre, segundo a Cruz Vermelha Internacional. 23% das vítimas eram menores de idade e uma grande maioria mulheres e pequenos camponeses.
