JMJ Lisboa 2023: Bartosz Placak foi à Ucrânia testemunhar realidade que os jovens enfrentam com «alegria»

«Eles deram-nos mais, mostraram-nos que, com o seu caminho, vivem o sentido da Jornada» – voluntário polaco que em julho acompanhou D. Américo Aguiar ao país em conflito

JMJ Lisboa 2023/José Prado

Lisboa, 05 ago 2023 (Ecclesia) – Bartosz Placak, de 28 anos, voluntário de longa duração na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, acompanhou D. Américo Aguiar em visita à Ucrânia e recordou hoje que os jovens “vivem a Jornada” na sua terra.

“Para mim foi uma maravilha ver as mulheres e os jovens, que não servem como soldados, dirigiam-se para os santuários. No meio da guerra, no meio da preocupação para evitar as bombas, eles caminharam para se encontrar com o comité da JMJ. Nós estávamos muito comovidos pelos seus testemunhos e eu dizia que tinha chegado ali para entregar a Jornada mas eles já a tinham”, assinalou o voluntário polaco.

“Esse é o sentido mais profundo da jornada, encontrarem-se com Deus através de outros jovens”, valorizou.

Bartosz Placak reconheceu que recebeu mais com a viagem à Ucrânia, respondendo ao apelo do Papa Francisco para levar a todos o convite da JMJ Lisboa 2023, do que foi dar.

“Fomos lá para dar mas no final recebemos muito mais do que seriamos capazes de dar. Isto é também a base do voluntariado, do servir, de peregrinar – no final recebemos muito mais com este encontro com os irmãos”, sublinhou.

O voluntário polaco recorda que encontrou um país onde várias realidades coexistem, na procura de uma normalidade e de resistência: “Quando o oeste está a construir, a parte central gere o país e confronta-se com ataques diários, e o leste está a lutar e a defender o país”.

“Durante a visita tivemos a oportunidade de nos encontrar com muitas pessoas, famílias, sacerdotes, com a Igreja católica e a Igreja greco-católica. Foi impressionante para mim que entre a dor e o sofrimento da guerra, existe uma alegria dos jovens”, destacou.

Bartosz recorda ainda um encontro com um sacerdote que procurava dar sepultura aos corpos que encontrava nas ruas e foi impedido por um soldado russo de o fazer.

“Na altura a situação era grave, os russos proibiam o sepultamento. O sacerdote pensou que o fosse matar, mas o soldado aproximou.se do corpo para desativar uma mina que estava junto ao corpo. Muitos que foram mortos, ficaram ligados a minas para evitar o sepultamento. Na verdade, o soldado ajudou-o depois com uma consciência humana, e outros soldados ajudaram a desativar minas que estavam junto dos outros corpos”, assinala.

Junto de um local de sepultamento Bartosz Placak diz era um momento de “silêncio” e de fazer homenagem.

“Semanas depois de ter lá estado, percebo que é importante partilhar esta história para mostrar o mal da guerra, tudo o que a guerra destruiu”, sublinhou.

A organização da JMJ Lisboa 2023 confirmou a participação de jovens da Ucrânia e da Rússia nestes dias.

O jovem voluntário polaco disse ainda que a paz precisa ser construída “desde cima e desde a base”.

“Nas ruas de Lisboa podem encontrar-se, podem dialogar, partilhar a sua experiência e tentar superar as barreiras que agora existem entre os povos. Precisamos construir esta paz, desde cima e desde a base, mas com prudência e em especial com esta relação entre todos. Não precisamos de um gesto oficial e protocolar, mas mais gestos da caridade, de reconciliação pessoal entre as pessoas”, sublinhou.

LS

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