JMJ: Francisco fala de geração sem trabalho

Papa aborda consequências da crise económica em encontro com jornalistas presentes no voo papal com destino ao Brasil

Lisboa, 22 jul 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco falou com os jornalistas que o acompanham no voo entre Roma e Rio de Janeiro e alertou para as consequências da atual crise económica e do desemprego juvenil.

“Corremos o risco de ter uma geração que não teve trabalho e do trabalho vem a dignidade da pessoa”, disse aos profissionais da comunicação que o acompanham, os quais cumprimentou pessoalmente.

Francisco mostrou-se preocupado com as situações de desemprego de longo prazo, sublinhando que “a crise mundial não faz coisas boas aos jovens”.

“Os jovens estão em crise, neste momento”, prosseguiu.

O Papa retomou um dos temas que tem estado presente nas suas intervenções, desde o início do pontificado, e criticou o que denomina de “cultura do descartável”, em que se deita fora o que já não interessa.

“Fazemo-lo muitas vezes com os mais velhos e é uma injustiça, porque os deixamos de lado, como se não tivessem nada para dar, mas pelo contrário eles transmitem-nos a sabedoria e os valores da vida, o amor pela pátria, o amor pela família, todas coisas de que temos necessidade”, sustentou.

 Agora, acrescentou, também toca aos jovens serem descartados.

“A crise mundial penaliza os jovens de hoje, as percentagens de desemprego são altas”, frisou.

 Francisco disse querer levar ao Brasil um apelo em favor da “cultura da inclusão e do encontro” e destacou a importância de iniciativas como a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai decorrer no Rio de Janeiro entre terça-feira e domingo.

“Quando isolamos os jovens, fazemos uma injustiça. Eles pertencem a uma família, um país, uma cultura e uma fé”, referiu.

O Papa brincou com os cerca de 70 jornalistas, a quem disse não serem tão “ferozes” como previa, e admitiu a sua relutância em conceder entrevistas: “Simplesmente não consigo, é cansativo”.

“Ajudem-me, colaborando pelo bem da sociedade, dos jovens e dos idosos”, pediu ao grupo, que inclui a jornalista portuguesa Aura Miguel, da Rádio Renascença.

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé tinha adiantado na última semana que a primeira viagem internacional de Francisco iria incluir um encontro do Papa com os jornalistas, mas sem o esquema fixo de pergunta-resposta que tinha sido mantido por Bento XVI.

O padre Federico Lombardi afirmara ainda a “total confiança” do Vaticano nas autoridades brasileiras e descartou qualquer receio perante eventuais manifestações populares.

Francisco é o terceiro Papa a visitar o Brasil: João Paulo II realizou três viagens (1980, 1991 e 1997) e uma escala; Bento XVI visitou o país em 2007.

O primeiro pontífice sul-americano na história da Igreja Católica tem no seu séquito, entre outros, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, e outros dois cardeais: Marc Ouellet, presidente da Comissão para a América Latina, e João Bráz de Avis, o único brasileiro com funções na Cúria Romana, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada.

Francisco vai chegar ao Brasil após uma viagem de mais de 11 horas e 9200 quilómetros, pelas 16h00 locais (mais quatro em Lisboa); a cerimónia oficial de boas-vindas e os primeiros discursos vão decorrer uma hora depois, no Palácio Guanabara, sede oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

A viagem, que se prolonga até domingo, tem passagem pelo Santuário de Aparecida, no interior do Estado de São Paulo, e prevê a participação do Papa nos atos centrais da JMJ 2013.

OC

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