JMJ 2023: Papa vai receber duas bicicletas feitas a partir de sucata, símbolos da aposta na sustentabilidade (c/fotos)

Projeto das «pasteleiras» foi desenvolvido no «Gafe Bike Lab» da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, com a comunidade local

Lisboa, 11 jul 2023 (Ecclesia) – A Fundação JMJ Lisboa 2023 recebeu hoje duas bicicletas “pasteleiras” da União de Freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela e da Junta da Gafanha da Nazaré, que foram construídas a Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, a partir de sucata.

“Eu julgo que estas bicicletas oferecidas hoje vão ser um símbolo da vontade de utilizar meios de transporte bons e positivos para o ambiente”, disse a responsável pela área da sustentabilidade da JMJ Lisboa 2023, em declarações à Agência ECCLESIA.

Carmo Diniz realçou que, na organização da edição internacional da Jornada Mundial Juventude em Portugal, estão “empenhados na mobilidade e na mobilidade sustentável também”.

“Estas pasteleiras recuperadas, com tanto carinho, e que já foram usadas por tanta gente, simbolizam a necessidade e a possibilidade e a vontade de se utilizarem meios de transporte que sejam bons para a nossa casa comum e sejam saudáveis para o nosso corpo”, desenvolveu a responsável pelo Gabinete de Diálogo e Proximidade do Comité Organizador Local (COL).

Foto: António Rodrigues

António Rodrigues, responsável pelo ‘Gafe Bike Lab’, recordou que o “desafio de montar duas bicicletas pasteleiras a partir de sucata, do zero”, para oferecer ao Papa, na Jornada Mundial da Juventude, foi lançado há um ano, considerando “muito importante” que tenha sido desenvolvido “com alunos, miúdos, e também com a comunidade”.

“É simbólico. Os meus alunos faziam essa pergunta, mas o Papa não vai andar de bicicleta para que é que isto serve? Um colega dizia: ‘Estas bicicletas são para andar pelo Vaticano, a toda a bolina, por homens e por mulheres’”, acrescentou.

O professor de Física e Química na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, onde está a oficina, contextualiza que vivem numa zona onde “muita gente anda de bicicleta, há essa tradição, e há muitas bicicletas velhas que mandam para o lixo, para reciclar”, e recuperaram “muito material”, selecionaram e montaram as duas bicicletas.

“Deu um bocado de trabalho, porque montar duas bicicletas com peças de várias, meia dúzia de bicicletas, nem sempre se ajustam, mas foi um desafio acrescido que nos deu algum gozo; A piada, se posso dizer assim, está em envolver a comunidade a pegar em coisas irrecuperáveis, transformar, obter isto e devolver à comunidade”, desenvolveu.

As duas “pasteleiras” têm algumas características e particularidades do seu tempo, como as matrículas, que neste caso de Ílhavo, têm também “um bacalhau em metal”, com o nome da escola secundária e da junta de freguesia, porque a “Gafanha é zona de bacalhau”, na zona onde estava a tradicional “bolsa que levava as ferramentas e o livrete”.

A construção de duas bicicletas foi uma ideia da União de Freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela, no Concelho de Loures, território que também vai receber peregrinos nos atos finais da JMJ Lisboa 2023, no Parque Tejo.

“Permitiu-se, através da recuperação de duas bicicletas, criar uma abordagem diferente e promover a cultura da bicicleta. Falei com o D. Américo [Aguiar],que acolheu a ideia de bom grado, e tendo em conta aquilo que é o tema das Jornadas, a sustentabilidade, é uma forma de também deixarmos um sinal claro para as futuras gerações: boa prática, mobilidade, e promover hábitos saudáveis de vida, através da atividade física”, desenvolveu o presidente da União de Freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela.

À Agência ECCLESIA, Nuno Leitão assinala que é “uma forma divertida, positiva”, de conseguirem “lidar com a questão das boas práticas da sustentabilidade”, e destaca que é “uma forma de passar um sinal à comunidade” onde desenvolvem o ‘CicloExpresso’, “que leva os meninos à escola de bicicleta”, que têm locais de estacionamento próprios.

O presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré destacou que as duas bicicletas são “o significado do trabalho das comunidades”, foi esse o objetivo e primeira perspetiva: “Aquilo que é um trabalho da nossa Escola Secundária, aquilo que é a vivência da Gafanha da Nazaré, 95% das formas de deslocamento, e, no fundo, sensibilizar”.

“Naturalmente que o Papa não vai andar com estas bicicletas, mas ao trazê-las aqui, e ao querer entregá-las, queremos transmitir a mensagem de modos suaves de circulação e os aspetos da saúde associados ao uso da bicicleta”, disse Carlos Rocha, destacando também que foram “completamente recuperadas pelos alunos e o Gafe Bike Lab”, que também é solidário e oferece bicicletas a alunos mais desfavorecidos e à comunidade.

As duas bicicletas ‘pasteleiras’ chegaram esta terça-feira a São João da Talha e, antes de serem entregues na sede da Fundação JMJ Lisboa 2023, no Beato (Lisboa), passaram pela Escola EB 2,3 da Bobadela, que faz parte do ‘CicloExpresso’, um comboio de bicicletas que faz um itinerário de 3,5 quilómetros, uma vez por semana, à quinta-feira, entre a casa dos alunos e a escola, e pelo Parque Tejo, na zona de Loures.

A JMJ Lisboa 2023 assume como compromisso a sustentabilidade, recentemente apresentou um “calculador da pegada carbónica dos peregrinos” e uma das iniciativas realizadas para compensar parte da pegada ambiental é a plantação mundial de árvores.

CB/OC

JMJ 2023: Gafe Bike construiu «duas bicicletas pasteleiras» para chegar ao encontro mundial

 

Cada JMJ realiza-se, anualmente, a nível diocesano (na solenidade litúrgica de Cristo-Rei), alternando com um encontro internacional a cada dois ou três anos, numa grande cidade; até hoje houve 36 JMJ, com 14 edições internacionais, em quatro continentes, e sete dessas edições decorreram na Europa.

O tema da JMJ Lisboa 2023 é ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, uma passagem do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39).

Os eventos centrais incluem a Missa de Abertura, a 1 de agosto, que vai ser presidida por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, no Parque Eduardo VII.

Dois dias depois, o mesmo espaço recebe a celebração de acolhimento do Papa; ainda no Parque Eduardo VII, a 4 de agosto, vai ser celebrada a Via-Sacra, colocando os jovens a rezar com Francisco, acompanhados pelo coro e a orquestra da JMJ.

Já no Parque Tejo, entre os municípios de Lisboa e Loures, decorre a Vigília, na noite de 5 de agosto.

Após pernoitarem no local, os peregrinos participam na Missa de Envio, presidida pelo Papa no domingo, dia 6 de agosto; antes de regressar ao Vaticano, Francisco encontra-se com os voluntários da JMJ.

 

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Agência ECCLESIA

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