JMJ 2023: Marta Luís, jovem moçambicana lembrou a guerra em Cabo Delgado, e fuga dos ataques terroristas

António Ribeiro, padre português, também apresentou o seu testemunho ao Papa e a centenas de milhares de peregrinos, no Parque Tejo

Foto: JMJ Lisboa 2023/Jesus Huerta

Lisboa, 05 ago 2023 (Ecclesia) –Marta Luís, jovem de Moçambique, apresentou na vigília da JMJ 2023 um testemunho sobre a guerra em Cabo Delgado, norte do país, e da sua fuga aos ataques terroristas.

“Quando estávamos no mato, rezávamos muito. Em nenhum momento perdemos nossa fé. Pedia a Deus que nos ajudasse e tirasse toda maldade do mundo e que as pessoas que estavam provocando essa guerra mudassem de vida. As populações das nossas aldeias estão todas espalhadas”, disse a moçambicana de 18 anos de idade, no Campo da Graça, perante o Papa e centenas de milhares de peregrinos.

A jovem da Província de Cabo Delgado, onde enfrentam a “guerra há cinco anos”, provocada por grupos jihadistas, mas na região do Planalto do Povo Maconde (Distrito de Muidumbe) os ataques terroristas chegaram mais tarde, não imaginavam que também iriam “ser atacados”.

“No dia 07 de abril de 2021, pela manhã, os terroristas atacaram nossa aldeia. Fugimos com toda a nossa família para o mato. Ficámos quatro dias escondidos; Depois do ataque do mês de abril continuámos nossa vida na aldeia, mas no dia 31 de outubro de 2021 os terroristas voltaram a atacar”, recordou Marta Luís.

Agora, está na Província de Nampula, onde com a família foi acolhida por familiares, mas tem “muitas saudades” da aldeia e dos seus “costumes, cantos e danças”.

“No meio a todo sofrimento numa perdemos a fé a esperança de que um dia vamos reconstruir de novo a nossa vida”, afirmou Marta Luís, que, no seu distrito, era da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Missão de Nangololo.

‘O encontro com Jesus e o caminho da santidade’, é o tema da vigília que conta com três momentos – encontro, levantar-se e partir, indica o missal da celebração – e é presidida pelo Papa Francisco, com os jovens da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, no Campo da Graça, no Parque Tejo.

Outro testemunho foi do padre António Ribeiro de Matos, tem 33 anos de idade, é português, do Patriarcado de Lisboa, e partilhou o seu “encontro” com Jesus, que foi estando sempre presente na sua vida, “começando pelo ensinamento e testemunho de Fé da avó”.

“Cristo era muitas vezes uma boa referência”, mas não alguém com quem “confrontava caminhos e sonhos”, admitiu.

Até me animava pensar nos outros, envolver-me em projetos sociais e políticos que procuravam o bem-comum. Mas era tudo meu; na universidade, inscrevi-me numa semana de missão. Aí aproximei-me mais conscientemente de Cristo e da Igreja, mas o sentido da minha vida continuava a ser centrado em mim”.

Foto: JMJ Lisboa 2023/Jesus Huerta

António Ribeiro de Matos, em agosto de 2011, adormeceu enquanto conduzia e acordou na ambulância, depois, percebeu que “podia ter morrido naquele acidente”, o sentimento de que “a vida estava a passar ao lado” levou-o a confrontar-se “com perguntas que até aí evitava”.

Em 2012, entrou para o seminário, onde viveu “um caminho de encontro”, consigo mas, sobretudo, “com Cristo e com a sua Igreja”, em 2017, “com as dúvidas próprias do caminho”, saiu, “mas Cristo não desistiu, como não desiste de ninguém”.

“Continuei muito ligado a atividades pastorais e tive oportunidade de ir à Jornada Mundial da Juventude no Panamá; Regressei ao Seminário ainda em 2019 e fui ordenado, em 2021, para procurar levar aos outros a alegria de encontrar Cristo, de ser encontrado por Ele”, desenvolveu o padre António Ribeiro de Matos, pároco de Nossa Senhora do Carmo do Alto do Lumiar, em Lisboa.

CB/OC

JMJ Lisboa 2023: Vigília no Campo da Graça propõe tema «O encontro com Jesus e o caminho da santidade»

 

 

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