JMJ 2023: Logotipo da edição de Lisboa aposta na imagem de Portugal e ideia de «caminho» (c/vídeo)

Proposta de designer portuguesa venceu concurso internacional

Lisboa, 16 out 2020 (Ecclesia) – A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Lisboa, apresentou hoje o logotipo do próximo encontro internacional de jovens católicos, inspirado pelos traços da cultura e religiosidade portuguesas, desenhado pela portuguesa Beatriz Roque Antunes.

“A inspiração foi a leitura, e tinha que ser a leitura, não podia ser outra coisa, que para mim já tinha um significado muito especial porque já tinha uma relação com esta leitura antes de todo este desafio”, disse aos jornalistas a designer de 24 anos, após a apresentação online do logotipo.

Neste contexto, Beatriz Roque Antunes explicou que “foi um processo simples” e “foi na oração que foram surgindo as inspirações para ter uma dimensão mais patriótica”, com as cores da bandeira portuguesa, e inspirou-se também em identidades visuais que “trouxessem esta ideia da portugalidade que estão normalmente ligadas a marcas desportivas, das várias seleções de Portugal, e foi um bocadinho trazer isto para esta área espiritual”.

O novo logo da JMJ, inspirado no tema ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ (Lc 1, 39), proposto pelo Papa, tem como elementos centrais a Cruz, atravessada por um caminho onde surge o Espírito Santo, e a figura da Virgem, acompanhada pela referência à oração do Rosário.

“Não é uma simples cruz, mas a cruz tinha de ser o principal e na cruz está muito daquilo que é a nossa fé. Nunca é uma simples cruz. Nas edições anteriores houve, muitas vezes, a opção de ter um coração ou outro tipo de símbolo que juntava tudo, e, neste meu exercício, fez-me muito sentido que a cruz fosse o principal, fosse o central e fosse dai que tudo o resto nascia”, desenvolveu a designer portuguesa.

Beatriz Roque Antunes acrescenta que todos os outros elementos do logotipo da JMJ Lisboa 2023 foi “na oração” que foi “descobrindo e achando que faziam sentido, mas a cruz era o principal”.

Para a jovem criadora, as imagens do caminho, das contas do Terço e do rosto de Nossa Senhora surgem pelo tema e pela ligação a Portugal.

“O Terço era importante para trazer esta dimensão e está colocado no caminho que atravessa a cruz, para trazer esta dimensão da peregrinação, que é muito portuguesa e que tem muito a ver com a fé que se vive em Portugal, é muito identificativa da nossa fé, e fazia muito sentido. Nossa Senhora foi colocada com este rosto jovem para que os jovens se identificassem com ela e com a Maria desta passagem, que é uma Maria que ainda não foi mãe, uma Nossa Senhora muito jovem e muito decidida, dai a inclinação do rosto para a frente”, explicou.

A proposta vencedora foi escolhida num concurso internacional promovido pelo Comité Organizador Local (COL), que contou com a participação de centenas de candidatos, provenientes de 30 países dos cinco continentes”.

Beatriz Roque Antunes estudou Design em Londres e na Faculdade de Belas Artes de Lisboa; atualmente trabalha numa agência de comunicação, na capital portuguesa e afirma que “é um desafio muito grande” ser a autora de uma imagem que os jovens de todo o mundo vão procurar e que o Papa também vai estar à procura.

“É o cruzar de duas dimensões: A dimensão espiritual da minha vida, aquilo que eu vivo e que tento viver, a minha vida em Igreja, a minha fé, e o cruzar disto com a minha vida profissional, aquilo que eu faço e acredito que é o meu dom e o dom que Deus me deu”, explicou.

A jovem designer portuguesa revela também que nem consegue “ainda imaginar” o momento de mostrar o logotipo ao Papa Francisco, mas, “se isso for possível”, espera que “ele fique contente, que fique feliz e que ache que foi inspirado”.

“É um grande desejo um dia estar com o Papa e poder mostrar-lhe este trabalho, que entrego totalmente à Igreja e entrego ao serviço”, acrescentou.

Beatriz Roque Antunes contou ainda que o desenvolvimento da proposta “não demorou muito tempo”, precedida pela “preparação pessoal, em oração, do que achava; a autora desenvolveu a proposta que foi a concurso numa “semana de férias”, dedicada à parte visual.

“Uma semana de trabalho intensivo, para tentar descobrir no meio de todas as minhas ideias aquilo que achava que ia ser a proposta. A partir daí, houve todo um trabalho até à identidade que temos hoje, de várias sensibilidades, um conjunto de alterações”, indicou.

A diretora de arte apresentou-se num vídeo, divulgado pelo COL, onde confessa a ansiedade por saber o resultado do concurso: “Há várias semanas andava a querer muito que o telefonema acontecesse”.

A ideia de concorrer nasceu ao acompanhar a irmã e um grupo de amigos na construção de uma proposta para o hino da JMJ 2023.

A inspiração central parte do tema proposto pelo Papa Francisco, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, passagem do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1, 39) relativa à visita da Virgem Maria à sua prima, Santa Isabel, mãe de São João Batista, durante a gravidez de ambas.

“Esta decisão de Maria de ir visitar a sua prima Isabel é muito inspiradora, porque Maria não se acomoda. É esse o convite aos jovens: que não se acomodem, que se levantem, que façam acontecer, que construam e não deixem o destino do mundo nas mãos dos outros”, diz Beatriz Roque Antunes.

O lançamento da imagem do encontro internacional de Lisboa decorreu num evento digital, transmitido através das páginas da JMJ no Facebook (disponível em 22 idiomas) e Youtube; também hoje foi lançado o site da JMJ 2023.

A triagem inicial dos trabalhos foi feita por uma equipa de académicos da Universidade Católica Portuguesa que selecionou 21 propostas; estas foram depois avaliadas por profissionais da área do marketing e da comunicação, provenientes de agências de comunicação presentes em Portugal, que elegeram três finalistas.

A decisão final coube ao Vaticano, através do Dicastério para os Leigos, Família e Vida.

A escolha de Lisboa como primeira cidade portuguesa a acolher uma edição internacional da JMJ aconteceu a 27 de janeiro de 2019, no Panamá.

As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

As edições internacionais destas jornadas promovidas pela Igreja Católica são um acontecimento religioso e cultural que reúne centenas de milhares de jovens de todo o mundo, durante cerca de uma semana.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

PR/CB/OC
Notícia atualizada às 16h00

Os elementos do logotipo da JMJ 2023

Foto: Logotipo oficial da JMJ 2023

Cruz

A Cruz de Cristo, sinal do amor infinito de Deus pela humanidade, é o elemento central, de onde tudo nasce.

 

Caminho

Tal como indica o relato da Visitação que dá tema à JMJ Lisboa 2023, Maria parte, pondo-se a caminho para viver a vontade de Deus, e dispondo-se a servir Isabel. Este movimento sublinha o convite feito aos jovens para renovarem ‘o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade’ (Christus Vivit, 20). A acompanhar o caminho surge, ainda, uma forma dinâmica que evoca o Espírito Santo.  

 

Terço

A opção pelo terço celebra a espiritualidade do povo português na sua devoção a Nossa Senhora de Fátima. Este é colocado no caminho para invocar a experiência de peregrinação que é tão marcante em Portugal.

 

Maria

Maria foi desenhada jovem para representar a figura do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 39) e potenciar uma maior identificação com os jovens. O desenho exprime a juvenilidade própria da sua idade, característica de quem ainda não foi mãe, mas carrega em si a luz do mundo. Esta figura aparece levemente inclinada, para mostrar a atitude decidida da Virgem Maria.

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Agência ECCLESIA

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