Jesuítas: Situações de abuso são enfrentadas «com verdade» e em sintonia com «a dor das vítimas», afirma superior geral

Padre Arturo Sosa comentou as denúncias que envolvem o padre Marko Ivan Rupnik, jesuíta e artista

Lisboa, 08 dez 2022 (Ecclesia) – O superior geral dos jesuitas afirmou hoje em declarações à Agência ECCLESIA que enfrenta “com a verdade transparente” os casos de abuso na Companhia de Jesus, atendendo em primeiro lugar à “dor das pessoas envolvidas”.

Questionado sobre as denúncias de abuso que envolvem o padre Marko Ivan Rupnik, jesuíta e artista, o responsável pela Companhia de Jesus em todo o mundo disse que “não se ocultam as coisas”.

“Primeiro há que sintonizar com a dor das pessoas envolvidas e também a nossa dor. Segundo, há que enfrentar com verdade, com a verdade transparente. Não se ocultam as coisas”, afirmou o padre Arturo Sosa, que termina esta quinta-feira a visita a Portugal.

Uma nota assinada pelo delegado das casas interprovinciais romanas da Companhia de Jesus foi reproduzida na internet após a divulgação das denúncias pela comunicação social a confirmar as acusações ao padre Marko Rupnik, informando que o mesmo é alvo de “medidas cautelares”, ainda em vigor.

“O Dicastério para a Doutrina da Fé recebeu uma denúncia em 2021 contra o padre Marko Ivan Rupnik sobre a sua forma de exercer o ministério. Nenhum menor estava envolvido”, indica a nota.

O teólogo jesuíta e artista plástico de origem eslovena é acusado de abusos psicológicos e sexuais por nove religiosas, em casos que remontam à década de 1990 na Comunidade Loyola de Ljubljana.

Para o superior geral da Companhia de Jesus, casos como o do padre Marko Rupnik devem seguir “à letra” os processos legais e canónicos, sem esquecer os “processos curativos”.

Foto Ponto SJ, Padre Arturo Sosa

“Há processos legais que se seguem, à letra, e processos canónicos que também se seguem. Há também processos de outro tipo, processos curativos, processos de restauração”, afirmou hoje, em Lisboa.

O padre Arturo Sosa disse que a Companhia de Jesus tenta “utilizar todos esses caminhos, sempre em sintonia com situações que são muito dolorosas”.

Após as acusações que envolvem o padre Marko Rupnik, a Companhia de Jesus nomeou um instrutor externo para a investigação”, na qual foram convidadas “várias pessoas a depor”.

O relatório final foi apresentado ao Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé), que, “depois de ter estudado o resultado desta investigação, considerou que os factos em causa deviam ser considerados prescritos e, por isso, arquivou o processo, no início de outubro de 2022”.

Os Jesuítas precisam que, “durante a investigação preliminar, várias medidas cautelares foram tomadas contra o padre Rupnik”, como “a proibição do exercício do sacramento da Confissão, da direção espiritual e do acompanhamento dos Exercícios Espirituais”.

“Além disso, o padre Rupnik foi proibido de participar em atividades públicas sem a permissão do seu superior local”, acrescenta a nota, citada pela agência SIR, da Conferência Episcopal Italiana.

O comunicado destaca que estas medidas “vigoram ainda hoje, como medidas administrativas, mesmo depois da resposta do Dicastério para a Doutrina da Fé”, assinalando que a Companhia de Jesus “leva em consideração qualquer reclamação contra um dos seus membros”.

O padre Marko Ivan Rupnik é autor, entre outras obras, da imagem oficial do X Encontro Mundial das Famílias (EMF), que decorreu em Roma, no ano de 2022, e do mosaico colocado na parede de fundo do presbitério da Basílica da Santíssima Trindade em Fátima.

OC/PR

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Agência ECCLESIA

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