IX Fórum Internacional dos Jovens

Dois jovens portugueses estão em Itália a discutir a relação entre jovens e o mundo do trabalho O Arcebispo Stanislaw Rylko, Presidente do Conselho Pontifício para os Leigos (CPL), leu esta manhã uma mensagem do Papa dirigida aos participantes no IX Fórum Internacional dos jovens sob o tema “Testemunhar Cristo no mundo do trabalho”, que decorre em Rocca di Papa, em Itália, até amanhã, dia 31. Na mensagem, Bento XVI escreve que o fenómeno da globalização leve consigo “uma exigência de mobilidade que obriga muitos jovens a emigrar e a viver longe do seu país e família”, facto este que geram um sentimento de “insegurança, que se repercute na incapacidade de imaginar e projectar o futuro, como também de comprometer-se com o matrimónio e com a formação de uma família”. “Todas as actividades humanas deveriam ser uma ocasião e um lugar para o crescimento dos indivíduos e da sociedade, para desenvolver os talentos de cada um, que necessitam de ser valorizados e de estar ao serviço do bem comum, em espírito de justiça e de solidariedade. “Para os cristãos, a finalidade última do trabalho é a construção do reino de Deus”, afirmou o Papa. Bento XVI sublinha que “hoje é ainda mais necessário e urgente proclamar o «Evangelho do Trabalho», viver como cristãos no mundo do trabalho e ser apóstolos entre os trabalhadores. Mas para realizar esta missão há que permanecer unido a Cristo, na oração e numa intensa vida sacramental, valorizando de modo especial o Domingo, que é o dia dedicado ao Senhor”. Neste Fórum, organizado por associações e movimentos do laicado juvenil católico, estão a participar representantes de 80 países do mundo, onde se inclui Portugal. Dois jovens portugueses foram enviados pela Conferência Episcopal Portuguesa, através da Comissão Episcopal do Laicado e Família. Neste encontro estão a ser apresentadas diversas experiências laborais e eclesiais. 30 convidados de vários países ajudarão na reflexão sobre a relação entre jovens e o mundo do trabalho, colocando em destaque as rápidas transformações que marcam a era da globalização. Ao longo dos quatro dias de trabalho serão abordados “a dimensão humana do trabalho, o seu significado na vida dos jovens e o tema do anúncio de Cristo e do testemunho evangélico nos locais de trabalho”. Os desafios da globalização merecerão um particular destaque, apresentando “as transformações sociológicas, económicas e institucionais” que esta originou, bem como “as consequências, por vezes dramáticas, destas transformações”, como a mobilidade, a precariedade e o desemprego. Os participantes serão também convidados a reflectir sobre “o significado do trabalho para a vida humana”, à luz da encíclica “Laborem Exercens”, de João Paulo II. O final do Fórum coincide com a celebração do Dia Mundial da Juventude, este ano celebrado a nível diocesano, junto do Papa Bento XVI. D. Stanislaw Rylko, presidente do CPL, explicou em declarações à Rádio Vaticano que “os jovens se encontram, em todo o mundo, não só no centro do ciclone das mudanças em curso no mercado do trabalho, mas também pagam o seu preço”. “A mobilidade e a flexibilidade do trabalho geram, muitas vezes, condições de precariedade e uma extrema incerteza sobre o futuro, tornando assim muito difíceis as escolhas fundamentais da vida, como o matrimónio e a formação de uma família”, alerta. João Felizardo é um dos participantes portugueses no IX Fórum Internacional dos jovens. Afirma que o encontro está a ser muito interessante, porque “sempre senti de forma particular a importância de ser testemunha de Cristo no mundo do trabalho”. No meio de representantes de todo o mundo tomou consciência “das grandes diferenças profissionais que existem em todo o mundo”, destaca. Quando olha para a vida profissional de um jovem europeu, como ele, e olha para a realidade da América Latina, percebe que “encaramos o trabalho como uma vocação, mas outros jovens vêem-no mesmo como uma grande necessidade ou mesmo de sobrevivência”. Neste sentido, “tenho reflectido muito nestas diferenças”, e na necessidade de ajuda mútua. Com 30 anos, João Felizardo explica que felizmente não sente a precaridade laboral, mas que esta é uma situação comum entre os jovens nos dias de hoje, “ao meu redor e no meu grupo de amigos”. Apesar disto, “considero que somos uns privilegiados”. A reflexão do dia de hoje é feita em torno do trabalho “como uma carreira, emprego ou vocação”, aponta João Felizardo. De manhã houve uma abordagem destes temas, que estão da parte da tarde a ser desenvolvidos em grupos de trabalho, onde se juntam diversas nacionalidades. “Esta partilha é muito enriquecedora”, destaca o participante português, ao ponto de “quando contacto alguém em Portugal nestes dias, acho que estamos cheios de sorte”. Porque apesar da “crise que vivemos, ainda vamos encontrando algumas oportunidades”, sublinha, quando comparado com situações que tem conhecido nestes dias. “Existem países onde não existe oportunidade para a educação, quanto mais depois entrar no mundo do trabalho”. Sem adiantar conclusões do Fórum, “uma vez que só terminamos os trabalhos amanhã”, destaca que caminham para “que sentido podemos dar ao nosso trabalho e que postura devemos assumir, enquanto cristão, no mundo laboral”.

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