Paulo Mendes Pinto, professor de História da Faculdade de Letras de Lisboa, e Francisco Moura, especialista em turismo religioso, apresentam ao público português a obra “Itinerário de Fé. Locais sagrados das religiosidades”, um repertório de locais sagrados para a humanidade, nos cinco continentes. Ao longo das 158 páginas ilustradas, esta publicação editada pela Mediatexto procura ser “um livro que possa ser usado como suporte na escolha, organização e realização de viagens”. Duas áreas se misturam: a da História das Religiões e a do Turismo Religioso. Os autores reconhecem que foi um desafio levar aos leitores a “compreender melhor o seu mundo”, para que possa, no caso de visitar algum dos 88 locais referidos, possa “integrar a sua complexidade e vivenciações”. A obra revela a importância de santuários na Europa, na África, Médio Oriente, Oceânia, Ásia e América, mostrando tanto os locais sagrados pré-históricos como os mais recentes na História da espiritualidade humana. No capítulo da Europa, Portugal surge representado com dois locais sagrados: Fátima, onde três pastorinhos tiveram visões de Nossa Senhora, dando origem a um santuário mariano que atrai anualmente milhares de cristãos; e as gravuras rupestres do Vale do Côa, santuário com centenas de imagens ao ar livre, descoberto em 1992 e depois classificado património mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A história da humanidade apresenta-se, assim, nesta dimensão de movimento que levou à “sacralização” dos espaços e à peregrinação a estes pólos de referência que, através da inscrição monumental, se tornam lugares onde se materializa a memória de uma comunidade ou de uma sociedade. O livro trata dos locais onde as populações se deslocam, seja em peregrinação organizada mediante calendário, seja em simples viagem individual, mas sempre com motivações religiosa. Para a compreensão dos fenómenos em causa, os autores acrescentam aos textos centrais caixas explicativas de fenómenos relacionados ou concomitantes: a intenção assumida é “ajudar o leitor, nessa complexidade que é o universo religioso, a encontrar melhor a compreensão do enquadramento histórico e natural”.