Itália: Papa visitou Áquila, 13 anos depois do terramoto que destruiu a cidade (c/fotos)

Francisco deixou palavra de encorajamento às famílias das vítimas e a todos os que se empenham na reconstrução

Áquila, Itália, 28 ago 2022 (Ecclesia) – O Papa iniciou hoje a sua visita à cidade de Áquila, região italiana dos Abruzos, centro da Itália, evocando as vítimas do terramoto que atingiu a localidade, há 13 anos, que provocou mais de 300 mortes.

“Neste momento de encontro convosco, em particular com os familiares das vítimas do terramoto, desejo manifestar a minha proximidade às vossas famílias e a toda a vossa comunidade, que enfrentou com grande dignidade as consequências daquele trágico acontecimento”, disse Francisco, esta manhã, na primeira intervenção desta viagem.

O sismo de Áquila, a 6 de abril de 2009, provocou ainda centenas de feridas e elevados danos materiais.

O Papa elogiou o “testemunho de fé” desta comunidade, citando, em particular, a carta que recebeu de um pai, que perdeu os seus dois filhos adolescentes no terramoto.

“Apesar da dor e da perda, que pertencem à nossa fé de peregrinos, fixastes o vosso olhar em Cristo, crucificado e ressuscitado, que com o seu amor redimiu da falta de sentido a dor do absurdo e da morte”, referiu.

A intervenção apontou ao “coração misericordioso” de Deus, que acolheu todos os que “passaram do tempo para a eternidade”, e convidou a população a superar esta dor como “povo de Deus”, elogiando a criação de uma “Capela da Memória”.

A memória é a força de um povo, e quando essa memória é iluminada pela fé, esse povo não fica prisioneiro do passado, mas caminha no presente voltado para o futuro, mantendo-se sempre preso às raízes e valorizando as experiências passadas, boas e más”.

Francisco elogiou o “caráter resiliente” do povo de Áquila, na reconstrução de edifícios e das comunidades.

“Enraizado na vossa tradição cristã e cívica, permitiu resistir ao impacto do terramoto e iniciar imediatamente o corajoso e paciente trabalho de reconstrução”, acrescentou.

O Papa apontou ao “renascimento pessoal e coletivo”, após uma tragédia, “todos juntos”, e falou em particular da reconstrução das igrejas.

“São património da comunidade, não só no sentido histórico e cultural, mas também no sentido identitário. Essas pedras estão impregnadas da fé e dos valores do povo; e os templos são também lugares propulsores de sua vida, de sua esperança”, precisou.

A Catedral de Aquila foi destruída pelo violento sismo de 2009; Francisco fez uma visita privada ao edifício, acompanhado por autoridades religiosas e civis.

O discurso deixou uma palavra especial à delegação das prisões dos Abruzos.

“Também em vós saúdo um sinal de esperança, porque também nas prisões há muitas, demasiadas vítimas. Aqui hoje sois sinal de esperança na reconstrução humana e social. Renovo a todos vós a minha saudação e abençoo-vos de coração a vós, às vossas famílias e a todos os cidadãos”, concluiu.

Após o encontro com familiares das vítimas do terramoto de 2009, Francisco seguiu em papamóvel para presidir à celebração da Missa na Basílica de Santa Maria de Collemaggio, com o rito de abertura da Porta Santa, para a “celebração do Perdão”.

OC

A celebração da Perdonanza (Perdão) remonta ao Papa Celestino V (1209-1296): após a sua eleição pontifícia, a 29 de agosto de 1294, chegou montado num burro à cidade de Aquila, levado por Carlos II de Anjou, rei de Nápoles.

Celestino decidiu que todos os que visitassem a Basílica de Collemaggio, nesta cidade, entre os dias 28 e 29 de agosto, receberiam a remissão dos pecados e a absolvição da pena.

Decidido a retomar sua vida de oração na solidão de um mosteiro, Celestino V acabaria por renunciar ao pontificado a 13 de dezembro de 1294, menos de quatro meses após a sua eleição; foi preso na torre de um castelo, por ordem do seu sucessor, Bonifácio VIII, e ali permaneceu isolado até o fim da vida, em 1296.

Francisco vai ser o primeiro Papa a abrir a Porta Santa, nesta data.

Em abril de 2009, Bento XVI parou junto desta basílica, depositando na Porta Santa o pálio – insígnia pessoal e de autoridade que lhe fora imposto no dia do início de pontificado -, sobre o relicário com os restos mortais de Celestino V.

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