Itália: Papa estreou-se em estúdio televisivo, pedindo aposta na paz e na educação

Francisco participou no programa «A Sua Immagine», da RAI

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 04 jun 2023 (Ecclesia) – O Papa participou na mais recente emissão do promova ‘A Sua Immagine’, da televisão pública italiana (RAI), lançando apelos à paz e à educação das novas gerações.

“Com a paz, ganha-se, sempre, talvez pouco, mas ganha-se. Com a guerra, perde-se tudo. Tudo”, disse, na mais recente emissão do programa, este domingo.

Francisco começou por defender que os media “devem ajudar cada um a encontrar-se, a entender-se, a fazer amizade”, com o objetivo de “preservar a humanidade, o humanismo”.

O programa, a que o Papa se referiu várias vezes, durante a recitação dominical do ângelus, apresentou, entre outras, a história de um campeão olímpico italiano, Fausto Desalu, de ascendência nigeriana.

Francisco apresentou uma reflexão sobre a “gratuidade”, considerando que todos devem “fazer a sua parte”, desenvolvendo as próprias capacidades.

O Papa mostrou-se crítico de uma sociedade marcada pelo exagero da superficialidade e das aparências, na qual “quem não faz de pavão, se sente pouca coisa”.

A emissão contou com a presença de um capelão prisional, o padre Marco Pozza, de Pádua, que já gravou várias entrevistas com Francisco, e da irmã Agnese Rondi, religiosa que se dedica a ajudar os mais pobres.

O programa recuperou o momento que marcou a saída do Papa do Hospital Gemelli, a 1 de abril, com o abraço a um casal que tinha perdido a sua filha, poucas horas antes.

Serena e Matteo estiveram no estúdio, para agradecer a Francisco, o qual relatou que tinha visto a menina, Angélica, durante o internamento, com a consciência de que o seu estado era terminal.

“O que me move é a ternura, poder acompanhar a dor”, relatou o pontífice, sustentando que “diante da dor, apenas gestos, as palavras não ajudam”.

“Não há palavras para a dor, apenas gestos e o silêncio”, insistiu.

O Papa ouviu o testemunho de Diana Gini, uma jovem vítima de bullying, lamentando que haja quem tenha “prazer em torturar” os outros.

Foto: Vatican Media

Francisco convidou os pais a “educar com afeto, um abraço”, sublinhando ainda a importância de impor “limites”, porque as crianças têm “necessidade do ‘sim’ do amor e também do ‘não’”.

“O amor é mais forte do que a agressão. Não há outro caminho: escolher o caminho do amor, da ternura”, acrescentou.

Para o Papa, quem agride “finge ser vencedor”, porque esta é “uma vitória sobre a agressão, a dor dos outos”

“A verdadeira vitória é harmoniosa, não é agressiva”, disse, numa conversa com a apresentadora do programa, Lorena Bianchetti.

O último interveniente foi Nicolò Govoni, fundador da ‘Still I Rise’ e candidato a Nobel da paz, que falou dos momentos difíceis que viveu na adolescência, com “raiva e solidão”, sendo capaz de canalizar “esse fogo, essa energia” para um projeto em favor dos outros, tendo aberto quatro escolas para crianças necessitadas.

“Tenho medo dos corações quietos”, assinalou o Papa.

Francisco falou da história da imagem e da sua devoção a Nossa Senhora, desatadora de nós, tendo respondido a uma questão sobre as aparições marianas.

“É um instrumento da devoção mariana que nem sempre é verdadeiro”, advertiu, apresentando como critério de verdade que as aparições “apontem para Jesus”, não a uma devoção mariana “demasiado centrada em si mesma”.

A primeira passagem do Papa por um estúdio televisivo conclui-se com um apelo para o próximo jubileu, o Ano Santo de 2025: “Aprender a perdoar, como Deus”.

O programa religioso ‘A Sua Immagine’ (À Sua Imagem), no ar há 26 anos, nasceu da colaboração entre a televisão pública e a Conferência Episcopal Italiana (CEI).

OC

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Agência ECCLESIA

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