Presidente da República e primeiro-ministro transalpinos evocam antigo arcebispo de Milão
Lisboa, 01 set 2012 (Ecclesia) – A imprensa italiana destaca hoje a morte do antigo arcebispo de Milão, cardeal Carlo Maria Martini, que segundo a arquidiocese vai ser sepultado esta segunda-feira, depois de uma missa na catedral local às 16h00 (15h00 em Lisboa).
O ‘La Repubblica’ qualifica o prelado de “ bispo do diálogo” e cita declarações do presidente italiano, Giorgio Napolitano, que classificou de “grave perda” a “dolorosa” morte do jesuíta, enquanto que a revsta ‘Panorama’ escreve que o responsável foi um “testemunho incómodo” até ao fim.
“Milão chora Martini”, sublinha o ‘Corriere della Sera’, que dedica o editorial ao arcebispo emérito falecido esta sexta-feira, e que, como outros media, recorda a recusa do cardeal em prolongar o tratamento da doença de Parkinson com meios artificiais.
Em carta publicada no diário de Milão, citada pelo jornal L’Unità, o primeiro ministro transalpino, Mario Monti, que na segunda-feira vai integrar o cortejo fúnebre, considera que “o desaparecimento do cardeal Carlo Maria Martini priva a comunidade dos crentes, mas também a multidão de quantos não creem ou não estão certos de crer, de um ponto de referência dotado de carisma excecional”, a par de um “profundo respeito por cada interlocutor”.
O prelado nascido em Turim a 15 de fevereiro de 1927 foi a “alma da corrente ‘reformista’ da Igreja”, assinala o ‘La Stampa’, ao passo que a agência ‘Ansa’ refere que o biblista assumiu “muitas vezes posições ‘avançadas’, não só sobre temas éticos, e não raras vezes em discordância com a linha oficial da hierarquia” do Vaticano.
O ‘Avvenire’, ligado a meios católicos, salienta que o luto “ultrapassa Milão”, arquidiocese que o cardeal dirigiu entre 1980 e 2002, assinala que o prelado celebrou a última missa na quinta-feira e lembra a sua aproximação ao judaísmo, a outras confissões cristãs e à cultura laica, “inclusive os não crentes”.
O corpo de D. Carlo Maria Martini vai ser acolhido pelas 12h00 de hoje na catedral milanesa pelo arcebispo da arquidiocese, cardeal Angelo Scola, entre outras personalidades eclesiásticas.
O ‘Duomo’ vai estar aberto na noite de sábado para uma vigília de oração e o corpo continuará na catedral para uma “última homenagem” dos fiéis até às 11h30 de segunda-feira, anuncia a arquidiocese.
Segundo o vice-diretor da sala de imprensa da Santa Sé, padre Ciro Benedettini, o Papa foi informado na noite de quinta-feira do agravamento do estado de saúde do cardeal e estava a acompanhar a situação com orações.
Depois de sair da cátedra milanesa por ter atingido 75 anos, limite imposto pelo Direito Canónico, passou alguns anos em Jerusalém antes de regressar a Itália, em 2008.
RJM/OC