Itália: Igreja reforça «empenho contra a ilegalidade»

Conselho Pontifico da Cultura promove «Pátio dos Gentios» em Palermo, capital do crime organizado na Sicília

Lisboa, 29 mar 2012 (Ecclesia) – A cidade italiana de Palermo acolhe hoje uma sessão do “Pátio dos Gentios”, iniciativa organizada pelo Conselho Pontifico da Cultura (CPC) que terá como pano de fundo a influência da Máfia e a pluralidade de culturas.

A jornada dupla de reflexão, subordinada ao tema “Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa”, começa ao final da tarde com uma conferência do cardeal italiano cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do CPC.

De acordo com o serviço informativo da Santa Sé, o prelado procurará “reforçar o empenho da Igreja contra a ilegalidade”, numa cidade que é considerada a “capital do crime organizado”, implantada num território autónomo que conta hoje com mais de 5 milhões de habitantes. 

D. Gianfranco Ravasi considera “significativa a intenção das instituições que participam, crentes e não crentes, de atribuírem a sessão de abertura a um representante do Vaticano”.

Para aquele responsável,esta iniciativa será de certa forma o “relançar do grito contra a Máfia e a degeneração da moralidade, da sociedade e do direito, deixado por João Paulo II” em 1993, na cidade de Agrigento, também na ilha siciliana.

O presidente do CPC destaca a importância do espírito de abertura e diálogo, que caracteriza o “Átrio dos Gentios”, para favorecer o nascimento de uma sociedade diferente na região. 

Por outro lado, começa-se a assistir em Palermo à atuação de muitas instituições, que demonstram aos jovens a pertinência da mensagem religiosa, sobretudo porque apela à consciência de cada um”, aponta.

Palermo é também “a cidade-símbolo da luta contra a Mafia”, já que nela foi assinada, em dezembro de 2000, a Convenção das Nações Unidas contra a criminalidade organizada internacional.

O “Pátio dos Gentios”, que em novembro chega a Guimarães, vai procurar relançar na ilha mediterrânica dois valores fundamentais: a Justiça, na união entre moralidade e legalidade, e a tradição multirreligiosa e multicultural que distinguiu a região italiana.

Bento XVI também visitou a Sicília, em outubro de 2010, tendo deixado palavras e gestos simbólicos contra a Mafia, que qualificou como “um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.

Antes do regresso a Roma, no caminho para o aeroporto, Bento XVI quis que o cortejo parasse em Capaci, no local onde aconteceu o atentado contra o juiz Giovanni Falcone, depositando ali uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória de todas as vítimas de organizações mafiosas e da criminalidade organizada.

JCP

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