Itália: Cardeal Carlo Maria Martini evitou ser eleito Papa, revela porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa

Igreja vê partir «um profeta corajoso do diálogo com o mundo moderno», realça padre Manuel Morujão

Lisboa, 03 set 2012 (Ecclesia) – O cardeal italiano Carlo Maria Martini, antigo arcebispo de Milão e religioso jesuíta que morreu sexta-feira, reforçou a imagem de debilidade física na assembleia que elegeu o atual Papa, numa tentativa de não ser escolhido.

Em depoimento enviado hoje à Agência ECCLESIA, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, também pertencente à Companhia de Jesus, revela que o cardeal Martini lhe disse que “andou sempre com a bengala na mão” durante o último conclave, realizado em 2005 após a morte de João Paulo II. 
“Para bom entendedor, estas meias palavras bastam para indicar que assim procurava evitar que alguns cardeais tivessem a tentação de votar nele”, sublinha o padre Manuel Morujão.
O religioso português conheceu o padre Carlo Maria Martini na década de 70, em Roma, quando estudava teologia na Universidade Gregoriana, e nesse tempo ouviu algumas das conferências do futuro cardeal, numa altura em que era reitor do Pontifício Instituto Bíblico.
“Em múltiplas ocasiões nos encontrámos pessoalmente, a última das quais no período em que, depois de passar a Arcebispo emérito de Milão, vivia entre Jerusalém e Roma, há quatro anos”, recorda o padre Manuel Morujão.
O também secretário do episcopado português lembra que “a doença de Parkinson já se notava” em Carlo Maria Martini, que assumiu “o peso” dessa “cruz”, com a “elegância da fé”.
“Era um homem de ampla cultura, profundo conhecedor da Bíblia e de intensa vivência da fé. Encarnava a ideia que tenho do ‘profeta’, daquele que conhecendo intimamente a Deus, tem toda a autoridade para ser seu porta voz”, assinala.
Entre as iniciativas que promoveu em Milão, o padre Manuel Morujão destaca os ‘Diálogos com a descrença’, iniciativa “em que periodicamente se encontrava com ateus e agnósticos, em diálogo cultural”, muitos anos antes de a Igreja Católica instituir o ‘Átrio dos Gentios’, plataforma para o diálogo com os não crentes.
“A Igreja vê partir para Deus um profeta corajoso do diálogo com o mundo moderno, um atualizador das linhas mestras do Concílio Vaticano II [1962-1965]”, também na internet, onde colaborava no site vivailconcilio.com, acrescenta
À frente da arquidiocese milanesa, “uma das maiores do mundo”, revelou-se “um pastor com a capacidade de dar realidade a sonhos”.
“Com a passagem pela vida de um homem como o Cardeal Martini, a Igreja não fica na mesma, converte se em melhor, aproxima se da terra prometida”, conclui o padre Manuel Morujão.
O funeral, que vai ser presidido pelo arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola, realiza-se esta tarde na catedral local, por onde passaram mais de 100 mil pessoas desde sábado para homenagear e rezar por Carlo Maria Martini.
RJM

Em depoimento enviado hoje à Agência ECCLESIA, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, também pertencente à Companhia de Jesus, revela que o cardeal Martini lhe disse que “andou sempre com a bengala na mão” durante o último conclave, realizado em 2005 após a morte de João Paulo II. 

“Para bom entendedor, estas meias palavras bastam para indicar que assim procurava evitar que alguns cardeais tivessem a tentação de votar nele”, sublinha o padre Manuel Morujão.

O religioso português conheceu o padre Carlo Maria Martini na década de 70, em Roma, quando estudava teologia na Universidade Gregoriana, e nesse tempo ouviu algumas das conferências do futuro cardeal, numa altura em que era reitor do Pontifício Instituto Bíblico.

“Em múltiplas ocasiões nos encontrámos pessoalmente, a última das quais no período em que, depois de passar a Arcebispo emérito de Milão, vivia entre Jerusalém e Roma, há quatro anos”, recorda.

O também secretário do episcopado português lembra que “a doença de Parkinson já se notava” em Carlo Maria Martini, que assumiu “o peso” dessa “cruz” com a “elegância da fé”.

“Era um homem de ampla cultura, profundo conhecedor da Bíblia e de intensa vivência da fé. Encarnava a ideia que tenho do ‘profeta’, daquele que conhecendo intimamente a Deus, tem toda a autoridade para ser seu porta voz”, assinala.

Entre as iniciativas que promoveu em Milão, o padre Manuel Morujão destaca os ‘Diálogos com a descrença’, iniciativa “em que periodicamente se encontrava com ateus e agnósticos, em diálogo cultural”, muitos anos antes de a Igreja Católica instituir o ‘Átrio dos Gentios’, plataforma para o diálogo com os não crentes.

“A Igreja vê partir para Deus um profeta corajoso do diálogo com o mundo moderno, um atualizador das linhas mestras do Concílio Vaticano II [1962-1965]”, também na internet, onde colaborava no site vivailconcilio.com, acrescenta.

À frente da arquidiocese milanesa, “uma das maiores do mundo”, revelou-se “um pastor com a capacidade de dar realidade a sonhos”.

“Com a passagem pela vida de um homem como o Cardeal Martini, a Igreja não fica na mesma, converte-se em melhor, aproxima se da terra prometida”, conclui o padre Manuel Morujão.

O funeral, que vai ser presidido pelo arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola, realiza-se esta tarde na catedral local, por onde passaram mais de 100 mil pessoas desde sábado para homenagear e rezar por Carlo Maria Martini.

RJM

 

 

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top