Israel/Palestina: Pax Christi Portugal destaca importância dos corredores humanitários, «uma ajuda pequena face às dificuldades das populações»

«Posições estão extremadas de todas as partes e quem sofre é a população civil, que se encontra numa situação humanitária muito difícil» – Margarida Saco

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 23 out 2023 (Ecclesia) – A Pax Christi Portugal, Movimento Católico Internacional, destacou hoje o “avanço importante” da entrada de camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em relação aos “avanços mínimos” dos países e organizações na Cimeira pela Paz no Cairo (Egito).

“Essa abertura dos corredores para passarem os camiões parecem-nos muito importante neste momento, é uma ajuda pequena face às dificuldades que as populações estão a ter. É muito bom mas não é o suficiente, é um avanço importante porque as populações estavam bloqueadas e numa situação muito difícil”, disse a  vice-presidente da Pax Christi Portugal, em declarações à Agência ECCLESIA.

Esta segunda-feira entrou um terceiro ‘comboio’ (camiões) de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, pela fronteira de Rafah, no Egito; no sábado e no domingo, dias 21 e 22 de outubro, entraram ao todo 34 camiões.

Margarida Saco recorda que há uma semana, a Pax Christi Internacional publicou uma declaração onde pedia, por exemplo, a abertura de corredores humanitários que “permitissem à população ter acesso à água, a comida e outros serviços que são essenciais”, para que “não se chegasse quase a um ponto de extermínio”.

34 foi também o número de países que se reuniram na ‘Cimeira do Cairo pela Paz’, que terminou sem uma declaração conjunta, no sábado, na capital do Egipto; participaram representantes de vários países com a ONU e a UE, com a presença da Autoridade Palestiniana mas sem Israel.

“Para nós, Pax Christi, todos os esforços que se consigam fazer por forma a chegar a algum acordo que traga paz para aquela região parece-nos que é importante. Os avanços são mínimos e a situação é muito complicada, as posições estão extremadas de todas as partes e quem sofre é a população civil, que se encontra numa situação humanitária muito difícil”, assinalou Margarida Saco, sobre este encontro.

A vice-presidente do Movimento Católico Internacional ao Serviço da Paz em Portugal explica que estão a seguir “todas as indicações” da Pax Christi Internacional, porque têm membros da Palestina e da Terra Santa que “têm mais informação”.

Continuamos a apelar que as pessoas de alguma forma demonstrem solidariedade e façam os possíveis por criar alguns momentos de solidariedade com a população, nomeadamente a população civil e possam intervir quando necessidade disso”.

Neste momento, a Pax Christi Portugal está também a divulgar “os apelos” dos responsáveis religiosos da região para a paz e um convite da Pax Christi inglesa, que tem uma parceria especial com os parceiros da Palestina, para ‘um dia de oração e jejum pela paz na Terra Santa’, esta sexta-feira, 27 de outubro; dia da jornada convocada pelo Papa Francisco, a que se juntam os bispos portugueses.

O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou um ataque em território israelita, sob o nome de operação ‘Tempestade al-Aqsa’, no dia 7 de outubro; em resposta, Israel bombardeou várias posições naquele território da Palestina, numa operação que batizou como ‘Espadas de Ferro’.

Sobre o futuro para esta região e uma solução para a Palestina e Israel, Margarida Saco afirma que enquanto não se conseguir “um acordo para que os dois possam chamar sua a uma terra não tem solução”, e assinala que defendem “um fim à violência já” porque as populações, de um lado e do outro, “estão sujeitas a muita violência”.

“Há sete décadas de violência e de uma mentalidade que é criada de uma inimizade histórica entre os dois povos e isso é alimentado no dia-a-dia a nível social e a nível político”, desenvolveu a entrevistada.

Margarida Saco lembra que existem muitas entidades locais, associações, e organizações que “promovem o entendimento entre os dois povos, uma paz na região”, mas, enquanto não for dada voz a essas pessoas e organizações “vai ser difícil criar o entendimento entre os dois povos e um espaço em que se sintam seguros e capazes de evoluir”.

Pax Christi é um Movimento Católico Internacional para a Paz, fundado em França em 1945 com o objetivo de encorajar a reconciliação e a paz no seio das nações feridas pela II Guerra Mundial, tem estatuto consultivo nas Nações Unidas, na UNESCO e no Conselho da Europa.

A primeira iniciativa deste movimento em Portugal realizou-se em 1980, e, em abril de 1992, a Conferência Episcopal Portuguesa aprovou os Estatutos, foi primeiro presidente D. Manuel Martins, na altura bispo de Setúbal.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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