Acusação do ex-Núncio Apostólico em Israel. Santa Sé já reagiu à acusação e espera «solução comum» As relações entre a Santa Sé e Israel “eram melhores quando não havia relações diplomáticas”, disse o ex-núncio em Israel e actual nos Estados Unidos, D. Pietro Sambi que referiu, após uma reunião da comissão bilateral com o objectivo de esclarecer o porquê da não aplicação dosa acordos firmados entre Israel e a Santa Sé há alguns anos. O Núncio é uma das personalidades da Igreja que, durante as últimas décadas, mais contribuiu à construção de um clima de colaboração entre as partes. Em 30 de Dezembro de 1993, a Santa Sé e Israel chegaram a um acordo fundamental que, além de abrir caminho às relações diplomáticas que seriam formalizadas meses depois, previa um acordo jurídico (estabelecido em 1997, mas nunca posto em vigor no território de Israel) e um acordo económico sobre as propriedades da Igreja e seus serviços sociais e educativos, para além de isenções fiscais. O Núncio destaca uma situação estranha com os acordos já firmados, pois o fundamental e o jurídico, “têm valor internacional, mas não em Israel, porque a legislação deste país prevê que um acordo internacional seja aprovado pelo Parlamento para ter validade no território, mas essa aprovação ainda não foi solicitada no Parlamento”, acusou. D. Pietro Sambi afirma ainda que o problema dos vistos dos religiosos católicos era mais fácil de se resolver “quando não havia relações entre a Santa Sé e Israel” e acrescenta que a confiança estabelece-se “com o respeito pelos acordos estabelecidos e com a palavra”. A entrevista de D.Pietro Sambi desencadeou uma reação da Sala de imprensa do Vaticano. O director, o Pe. Federico Lombardi, explicou que o conteúdo da entrevista resulta “das reflexões e experiência pessoal”, resultante dos anos que esteve ao serviço da Delegação Apostólica de Jerusalém e como Núncio em Israel. A Santa Sé sublinha o seu desejo, já expresso no recente encontro entre Bento XVI e o Presidente Peres, de uma rápida “conclusão das negociações em curso” e espera uma “solução de comum acordo para os problemas existentes”.