Islão no Ocidente, Diálogos com o Cristianismo

Ciclo de Conferências no Parque das Nações Foi por acaso que a viagem apostólica de Bento XVI à Turquia coincidiu com a conferência promovida pela paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações. Esta foi apenas a primeira de um ciclo de conferências onde a paróquia e a quem se juntar a ela pretende reflectir sobre questões em temáticas mais alargadas, mas “dependendo da conjectura social e cultural se vão escolher os temas”, explica à Agência ECCLESIA o Padre Paulo Franco, da paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes. “O Islão no Ocidente, Diálogos com o Cristianismo” foi o tema de abertura do ciclo que ontem contou com a presença do Pe Peter Stilwell, director da Faculdade de Teologia de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa, com o Sheik David Munir, da Comunidade Islâmica de Lisboa e de Faranaz Keshavjee, representante da comunidade Ismaelita, onde foram foi focado o diálogo entre o cristianismo e o islão. “Reflectiu-se sobre o que nos une e o que nos separa”, relembrou o Pe. Paulo Franco. Num debate aberto onde todos puderam participar, surgiram muitas questões sobre “as duas religiões que nascem da mesma realidade”, questões que muitos colocam e estão na base de algum desconhecimento. Na opinião do Pe. Paulo Franco não se pode falar em desconhecimento das religiões “só talvez em matérias mais profundas ou específicas”, mas segundo o próprio afirma “há talvez um desconhecimento na forma como o mundo islâmico responde às interrogações do Ocidente”, refere, havendo sinais de uma abertura do Ocidente ao mundo islâmico que contribui para um maior conhecimento. A viagem apostólica do Papa “foi uma feliz coincidência que trouxe mais interesse à conferência”, manifestou o pároco. E aqui se sentiu que a visita à Turquia é “sinal que a Igreja quer dialogar e mesmo o acolhimento tem mostrado a abertura do mundo islâmico”, sublinha. As referências mais contrárias não passam “de algumas franjas, tendo este ponto sido sublinhado pelos convidados da conferência”. Esta viagem é também ela importante “para perceber o quanto o diálogo é importante e urgente”, não só por iniciativa da Igreja Católica mas também “por parte do mundo islâmico”. Durante a conferência, o Sheik David Munir disponibilizou a Mesquita de Lisboa para encontros inter religiosos “expressão de uma vontade do mundo islâmico”, sublinha o Pe. Paulo Franco. A conferência contou, no final, com uma intervenção do Cardeal-Patriarca de Lisboa sublinhando a “importância do diálogo inter-religioso, como forma de abrir também a porta para o diálogo cultural que a sociedade precisa”, relembra o pároco. “O problema da liberdade religiosa é um problema crucial hoje na relação destes países islâmicos com o resto do mundo”, afirmou D. José Policarpo, em declarações registadas pela Rádio Renascença. “Penso que é uma etapa que enquanto não for percorrida, muito dificilmente esse diálogo terá bilateridade e terá hipóteses de uma solução positiva porque o primeiro respeito que uma religião pode ter por outra é o respeito da liberdade religiosa”, acrescentou. D. José Policarpo lembra que o Ocidente já fez “um longo caminho nessa linha, nem sempre tudo foi tão dourado como é hoje, mas fizemos um longo caminho e esse caminho tem que ser percorrido”. Referindo-se à viagem apostólica de Bento XVI, o Patriarca de Lisboa acredita que vai correr bem até porque “se houvesse qualquer coisa com o Santo Padre na Turquia, o primeiro perdedor seria a própria Turquia”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top