Irlanda: Vaticano encerra investigação

Conclusões da visita apostólica ordenada por Bento XVI, após casos de abusos sexuais, lamentam «atos pecaminosos e criminais»

Cidade do Vaticano, 20 mar 2012 (Ecclesia) – A Santa Sé publicou hoje as conclusões da visita apostólica à Irlanda, ordenada pelo Papa após os casos de abusos sexuais sobre menores verificados na Igreja local, sublinhando a “consternação” de Bento XVI perante estas situações.

O documento, apresentado no Vaticano e em Dublin, apela a um compromisso comum dos católicos para erradicar a “praga” dos abusos sobre menores, admitindo a “gravidade das falhas que lhes deram lugar”, no passado e sublinhando a necessidade de reforçar a “assistência” às vítimas.

A nota oficial reafirma a proximidade da Santa Sé com as “pessoas vítimas de tais atos pecaminosos e criminais”, recomendando uma “estreita colaboração com as autoridades civis na sinalização das acusações”.

Nesse sentido, os bispos irlandeses são chamados a desenvolver “uma normativa para tratar os casos de sacerdotes ou religiosos sobre os quais recaíram acusações”, mesmo se o Ministério Público tiver decidido não lhes dar provimento.

Ao mesmo tempo, indica a Santa Sé, devem ser estabelecidas “normas para facilitar o regresso ao ministério dos sacerdotes falsamente acusados”.

A investigação às dioceses e institutos religiosos na Irlanda foi determinada por Bento XVI em março de 2010, numa carta enviada aos católicos do país, na qual o Papa se mostrava “profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis”.

A visita apostólica foi estabelecida em cooperação com os organismos competentes da Cúria Romana e a Conferência Episcopal Irlandesa.

A Santa Sé admite que os “eventos dolorosos” dos últimos anos deixaram “muitas feridas” na comunidade católica irlandesa, mas afirma que “o afastamento dos ensinamentos fundamentais da Igreja não é o autêntico caminho para a renovação”.

Em conferência de imprensa, os bispos irlandeses associaram-se ao “grande sentido de dor e vergonha” pelas conclusões da visita apostólica, mostrando que “jovens pessoas inocentes foram abusadas por clérigos e religiosos a cujos cuidados estavam confiados, enquanto os que deveriam ter exercido vigilância falharam, muitas vezes”.

Segundo o Vaticano, o “terrível fenómeno” em causa levou, nas últimas décadas, a uma maior consciência do problema e a “profundas mudanças no modo de o enfrentar”, incluindo a publicação de linhas orientadoras, em 2008, para a proteção de menores.

Entre as novas decisões, está o projeto de reconfigurar a Igreja Católica na Irlanda, tendo em vista “tornar as estruturas diocesanas mais idóneas”.

Nos seminários, sublinham as conclusões agora divulgadas, são pedidos “critérios de admissão mais coerentes” e uma “profunda formação nas matérias de tutela de menores”.

Quanto aos institutos religiosos, propõe-se a criação de um “programa trienal de aprofundamento do carisma” que distingue cada um e o desenvolvimento de “abertura pastoral para com os que sofrem as consequências dos abusos”.

Encerrando a visita apostólica, a Santa Sé confiou as conclusões aos bispos, clero, religiosos e leigos da Irlanda, “na esperança de que tragam frutos no processo de cura, reparação e renovação que o Papa Bento XVI deseja tão ardentemente”.

OC

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