“Quatro anos de guerra trouxeram um aumento de crueldade e morte no Iraque, e deixou o país em estado de caos”, afirmou o Bispo auxiliar de Bagdad Shlemon Warduni numa entrevista à Rádio Vaticano, por ocasião do assinalar da invasão dos Estados Unidos ao Iraque. A guerra incitou também a fuga de muitos católicos do país, deixando para trás uma minoria. “Antes de o conflito começar, eu disse que Deus não queria a guerra no Iraque. Nessa altura, qualquer um poderia ver que as consequências seriam terríveis”, recordou o Bispo auxiliar. E de facto a crueldade e a morte aumentaram de dia para dia. “Crianças, jovens, idosos, doentes, todos nós estamos a sofrer, porque o mundo não está a pensar no bem do povo iraquiano, mas apenas nos interesses próprios e os iraquianos foram esquecidos. O Terrorismo está a aumentar, e com ele o número de órfãos e viúvas”. Sobre as estimativas que apontam para mais de 60 mil mortos, o Bispo Warduni afirmou que o número poderia ser maior. “Ninguém sabe o número real”, admitiu. “Tantas vezes saímos de casa sem a certeza de voltarmos sãos e salvos. Os raptos, os suicidas, os carros bomba, os mísseis: não se pode comer, estudar ou rezar calmamente”, explicou, adiantando que “as pessoas têm medo de ir à Igreja e as crianças de ir à escola”. Com a infraestrutura iraquiana inexistente e com interrupções de electricidade que se estendem ao longo dos dias, “quem tiver hipótese de sair do país, vai fazê-lo. A Igreja tenta encorajá-los a permanecer, pedindo as suas orações, mas apenas Deus pode fazer alguma coisa pelo Iraque”, finalizou.