Violência étnica e religiosa está a fazer «muitos mártires», frisa o sacerdote argentino Luís Montes
Lisboa, 11 set 2015 (Ecclesia) – O padre argentino Luís Montes, há cinco anos em missão no Iraque, traçou à Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) um retrato do quotidiano dos cristãos naquele país, marcado por “sofrimentos indescritíveis”.
De acordo com o sacerdote, da Congregação do Verbo Encarnado, a comunidade cristã no Iraque está atualmente encurralada entre vários conflitos, étnicos e religiosos, que têm como protegonistas “xiitas e sunitas” e também o grupo extremista Estado Islâmico.
Por dia, acontecem “três, cinco, oito” atentados em Bagdade, e nas zonas já conquistadas pelos fundamentalistas islâmicos, como a cidade de Mossul, a situação “ainda está pior”.
Neste contexto de violência e intolerância, “morrem muitas pessoas e há muitos feridos”, frisa o padre Luís Montes, que recorda aqueles que deixaram de poder trabalhar, “pois perderam uma perna, ficarão cegos e estão traumatizados”.
No seu relato, o sacerdote argentino dá conta também de um cristianismo que, apesar das ameaças, continua forte e fiel aos seus princípios.
“Há muitos mártires, muitas pessoas que disseram directamente: ‘não vou deixar de ser cristão, mate-me’. Conhecemos casos muito bonitos e heróicos”, adiantou aquele responsável.
Muitos cristãos inclusivamente abdicaram de tudo, “a casa, o automóvel, o dinheiro que guardavam no banco, absolutamente tudo, para poderem continuar” com a sua fé.
“Vê-los nos campos de refugiados vivendo em paz e tranquilidade e até com alegria. É muito edificante. Essas pessoas não estão apegadas aos bens terrenos, mas colocam os olhos em Deus. Perder tudo de certa forma libertou-os para se unirem mais a Deus”, realça o padre Luís Montes.
O sacerdote conclui o seu testemunho pedindo “a oração” dos portugueses para os refugiados do Iraque e apoio para o trabalho que a AIS está a desenvolver naquele país.
“Que se celebrem missas pelos cristãos perseguidos e pelo perdão dos perseguidores”, exortou.
JCP