Iraque: Instituições católicas asseguram ensino a crianças refugiadas em centros de assistência

Cáritas ajuda quem teve de abandonar as suas casas por causa dos fundamentalistas «Estado Islâmico»

Lisboa, 19 ago 2015 (Ecclesia) – A Cáritas Iraquiana e o Catholic Relief Services (CRS, congénere da Cáritas nos Estados Unidos da América) estão a gerir centros de assistência seguros onde mais de duas mil crianças têm acesso ao ensino formal, no norte do Iraque.

“O objetivo é que as crianças acabem por ser inscritas na escola. Queremos que os nossos centros de assistência à infância sejam uma ponte para eles voltarem à educação formal", explicou Courtney Lare, que supervisiona o projeto do CRS.

Nariman Chamo, com 11 anos, é uma das muitas crianças que frequentam estes centros desde que foi obrigado, com a sua família, a abandonar a sua casa pelo Autoproclamado Estado Islâmico (EI), em agosto de 2014.

Esta família, da minoria religiosa yazidi, fugiu do distrito de Sinjar, a oeste de Mossul, e sobreviveu durante oito dias “sem comida nem água” nas montanhas, revela um artigo publicado no sítio online da Cáritas Internacional.

"Carregamos algumas roupas às costas e no braço esquerdo as crianças", recordou a mãe de Nariman.

Klocher Mhe, com 34 anos, revela que nesta fuga viu os seis filhos perderem os sentidos porque estavam com fome e desidratados; confessa ainda que os dias foram “um pesadelo” porque vivia com “medo” que o EI levasse as crianças.

Por sua vez, o pai de Nariman Chamo considera que os centros “são muito úteis” uma vez que mantêm as crianças “ocupadas e envolve-as num processo de aprendizagem contínua".

Hussain Chamo observa que apesar dos problemas que enfrentaram, continuam a sua vida e a sua família é grata pelos centros de apoio que se tornaram “locais de cura".

"Sempre que vejo um com um sorriso no rosto, eu sei que, basicamente, tudo vai ficar bem", acrescenta Klocher Mhe.

"É como se Deus nos tivesse dado uma segunda oportunidade na vida", confessou.

O artigo do Departamento de Comunicações do CRS assinala que é “difícil” todos os refugiados terem acesso ao ensino no Curdistão iraquiano.

“Estima-se que 65 por cento das crianças não frequentam as aulas porque não há espaço para eles. Centenas de escolas da região também atuam como abrigo de emergência para milhares de famílias deslocadas”, contextualiza Nikki Gamer.

O CRS e a Cáritas do Iraque pretendem alargar este projeto, para que mais crianças tenham acesso ao ensino.

CB/OC

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