Iraque: Fundação pontifícia alerta que presença cristã na Planície de Nínive «está em risco»

Novo estudo alerta para comunidade «ameaçada de extinção»

Lisboa, 16 jul 2020 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)alerta num novo relatório que a presença cristã “continua ameaçada” no Iraque, mesmo após a derrota dos jihadistas do Estado Islâmico (Daesh).

“O relatório não é pessimista mas é, isso sim, uma clara advertência porque sem uma ação política concertada e imediata, a presença dos cristãos na Planície de Nínive e na região será eliminada”, disse o padre Andrzej Halemba, chefe do departamento do Médio Oriente da fundação pontifícia.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português AIS indica que, segundo o novo relatório, a comunidade cristã nas terras bíblicas da Planície de Nínive “poderá ser de apenas cerca de 23 mil pessoas em 2024”, o que significará “apenas 20% da população” antes dos ataques do Daesh.

O estudo da AIS identifica os principais desafios enfrentados pelos cristãos que regressaram às suas terras após a “fuga desordenada de milhares de pessoas” para o chamado Curdistão com a invasão do Estado Islâmico da Planície de Nínive no verão de 2014.

A fundação pontifícia explica que “há o risco” de a comunidade passar da situação de “vulnerável à de ameaçada de extinção”, “todos os cristãos” consideram a “falta de segurança” como um dos principais problemas: 87% indicam que sentem isso “muito” ou mesmo “notavelmente” no seu dia-a-dia.

“Quase 70% dos cristãos que participaram no estudo referem a existência de atividade violenta por parte de milícias locais e mostram receio perante a possibilidade do regresso em força do Daesh”, acrescenta a AIS, sendo o medo uma das “razões principais que justifica a emigração das famílias cristãos iraquianas”.

Das milícias que têm “atividade forte” na zona da Planície de Nínive, foram identificadas as organizações “Shabak e Brigada da Babilónia.

A Fundação AIS  contabiliza que “cerca de 24% dos entrevistados” revelam que as suas famílias foram já “afetadas negativamente” por uma milícia ou grupo hostil, sendo o “assédio e intimidação, frequentemente relacionados por pedidos de dinheiro” as formas mais comuns de hostilidade relatadas.

Desemprego (70%), corrupção financeira e administrativa (51%) e discriminação religiosa (39%) são outros temas no inquérito e que também estão nos motivos do descontentamento que origina a migração da comunidade cristã.

O estudo dirigido pelo padre Andrzej Halemba e realizado por Xavier Bisits, colaborador da fundação pontifícia no Iraque em 2019, refere que as disputas entre o governo central de Bagdade e o governo regional do Curdistão também aumentaram o “sentimento de insegurança” na comunidade cristã.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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