Iraque: Cáritas fala em «momento crucial» para o futuro das comunidades cristãs, ameaçadas pela violência

Organização católica saúda viagem do Papa ao Médio Oriente como sinal de «esperança»

Foto: Caritas.org

Lisboa, 04 mar 2021 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas saudou hoje a próxima viagem do Papa ao Iraque, que se inicia esta sexta-feira, sublinhando que a mesma acontece num “momento crucial” para o futuro das comunidades cristãs.

“A Cáritas espera o Papa no Iraque, certa de que a viagem ajudará a construir pontes de paz entre as diferentes comunidades”, refere uma nota da organização católica, enviada à Agência ECCLESIA.

A ‘Caritas Internationalis’ diz que este é o momento de pedir “diálogo e reconciliação” numa nação que vive décadas de guerra, falando num “forte sinal de esperança para cristãos e muçulmanos”.

“Esta peregrinação ao Iraque representa um momento crucial para expressar a solidariedade com os cristãos do país e de todo o Médio Oriente”, pode ler-se.

O diretor da Cáritas no Iraque, Nabil Nissan, dirige-se ao Papa, numa mensagem divulgada pela instituição: “Temos a certeza de que não nos deixará sozinhos”.

A Cáritas atende atualmente a mais de 5000 famílias todos os meses, sem distinções de confissão religiosa, e trabalha em áreas “difíceis e esquecidas” como Fallujah e Mossul.

“A visita do Papa Francisco é um momento importante, especialmente neste tempo de Quaresma. É um sinal de esperança para os cristãos, é uma mensagem de paz e reconciliação para que as várias comunidades construam pontes com outras religiões”, comenta Aloysius John, secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’.

A organização católica de solidariedade e ação humanitária sublinha que as comunidades cristãs e outras minorias religiosas “estão gravemente privadas” e deixaram o país em grande número nos últimos 20 anos, “devido a grave discriminação e violência, como a perpetrada pelo Estado Islâmico”.

As iniciativas da Cáritas no Iraque incluem programas de paz e reconciliação, apoio à subsistência e habitação, programas de educação, apoio psicológico e de saúde – incluindo a prevenção da Covid-19 – e programas para promover um papel ativo para mulheres e jovens.

Dos cerca de 1,5 milhões de cristãos que viviam no Iraque antes da segunda Guerra do Golfo, em 2003, estima-se que permaneçam 250 mil, uma diminuição de mais de 80%.

Num relatório divulgada no final de 2019, a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertava para o risco de “desaparecimento” do Cristianismo no Médio Oriente.

O documento sublinhava o “impacto” da perseguição contra comunidades cristãs em países como a Síria ou o Iraque no início deste século, falando mesmo em “período de genocídio”.

OC

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