Iraque: «As crianças devem regressar à escola ou Qaraqosh morre» – padre Georges Jahola

Fundação pontifícia informa que famílias estão a regressar à Planície de Nínive

Lisboa, 14 ago 2017 (Ecclesia) – O responsável pela equipa siro-católica da Comissão para a Reconstrução de Nínive (CRN) afirma que Qaraqosh recupera numa década a população que perdeu na invasão do “Estado Isalâmico”, se as famílias regressarem com as crianças.

“Em Qaraqosh viviam cerca de 5000 famílias siro-católicas, antes da chegada do ISIS. Cerca de 60% destas famílias têm filhos em idade escolar. Se em setembro as casas não estiverem prontas estas famílias poderão tomar a decisão de ir para outro lugar, definitivamente”, contextualiza o padre Georges Jahola.

Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre informa que com a CRN estão a trabalhar em “contrarrelógio” para possibilitar o regresso do maior número possível de famílias siro-católicas às suas casas antes do início do novo ano escolar.

“Se conseguirmos acabar as obras a tempo estou certo que em dez anos Qaraqosh voltará a ser habitado e voltará a ter o mesmo número de cristãos como havia antes”, refere o sacerdote.

600 famílias já regressaram para a cidade de Qaraqosh, na Planície de Nínive, depois de há três anos terem de fugir do Autoproclamado Estado Islâmico e terem vivido no Curdistão como deslocados internos.

“As escolas de Qaraqosh foram renovadas ou reconstruídas por várias organizações internacionais, como a ONU", explica o padre Georges Jahola, acrescentando que, infelizmente, as casas das famílias cristãs que querem regressar “ainda não estão recuperadas”.

O responsável pela equipa siro-católica da CRN comenta que durante os dois anos de ocupação os milhares de jihadista deixaram uma “herança pesada” com 6327 edifícios parcial ou totalmente destruídos, incendiaram 2269 casas e danificaram parcialmente 3950.

A Fundação AIS, com outras organizações, já recuperaram 47 casas e adianta que as famílias “percebem tudo como um sinal de esperança”.

A eletricidade está a regressar “lentamente” a Qaraqosh, tendo o Governo de Bagdade reparado “os velhos geradores e foram adquiridos 15 novos”, quando “o ideal seria adquirir outros 150” e como os terroristas destruíram a rede de distribuição de água há bairros que “não têm acesso à água”

A fundação pontifícia AIS informa ainda que “apesar das muitas dificuldades” algumas famílias siro-católicas estão também a regressar a Bartela, outra cidade da Planície de Nínive de maioria siro-ortodoxa.

24 famílias em 650 famílias já regressaram e a Ajuda à Igreja que Sofre contabiliza que o autoproclamado Estado Islâmico “incendiou 69 casas, danificou 274” e destruiu 19 habitações.

“Estamos agora na casa de Dhiya Behnam Nuna, construída sobre as ruínas da cidade velha de Bartela. Os terroristas do ISIS esburacaram os muros para poderem deslocar-se de uma casa para outra sem serem vistos pelos helicópteros do exército norte-americano”, explica o também membro da CRN em Bartela, padre Benham Benoka.

A AIS adianta ainda que segundo números atualizados em julho, 1228 famílias já regressaram à Planície de Nínive e estão a ser recuperadas 423 casas, das quais 157 com o apoio dos benfeitores da fundação pontifícia.

CB

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Agência ECCLESIA

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