Iniciativa da fundação pontifícia assinala primeira visita de um Papa ao país do Médio Oriente
Lisboa, 02 mar 2021 (Ecclesia) – A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) anunciou hoje o lançamento de programa de apoio a jovens estudantes cristãos no Iraque, como forma de assinalar a primeira viagem de um Papa a este país, que se inicia esta sexta-feira.
“Trata-se de um programa orçado em 1,5 milhões de euros e que envolve a Universidade Católica de Erbil, a capital da região autónoma do Curdistão Iraquiano, onde se concentra a maior parte da comunidade cristã deste país”, indica um comunicado da AIS enviado à Agência ECCLESIA.
O Papa vai visitar o Iraque de 5 a 8 de março; no domingo, preside a uma Missa ao ar livre, em Erbil, com orações em caldeu, curdo e árabe.
A Fundação AIS vai atribuir 150 bolsas para estudantes universitários, visando “promover a coesão social entre as várias religiões e proporcionar aos jovens estudantes cristãos a possibilidade de terem mais perspetivas de emprego no futuro”.
D. Bashar Warda, arcebispo caldeu de Erbil e fundador da universidade local, afirma que “esta ajuda não só beneficiará jovens que esperam um futuro melhor, mas, ao mesmo tempo, será um poderoso sinal de solidariedade para com os cristãos e todas as outras minorias da região”.
Segundo a AIS, a maioria dos estudantes da Universidade Católica de Erbil são refugiados ou deslocados internos provenientes de várias zonas do Iraque e pertencem não só à comunidade cristã [cerca de 72%], mas também aos yazidi (18%), além de muçulmanos.
“A Universidade Católica de Erbil é um farol de luz e um símbolo de esperança, especialmente para as gerações mais novas”, refere D. Bashar Warda.
O presidente-executivo internacional da Fundação AIS, Thomas Heine-Geldern, destaca a importância deste projeto de ensino superior na coesão social e reconciliação no Iraque, tal como tem defendido o Papa Francisco.
“A Universidade Católica de Erbil é um projeto de importância crucial para os cristãos que desejam continuar no norte do Iraque e no Curdistão, uma vez que os ajudará a permanecer”, indica.
Em 2003, havia cerca de 1,4 milhões de cristãos no Iraque, mas estima-se que hoje sejam cerca de 250 mil, uma diminuição de mais de 80% em menos de duas décadas.
“Os cristãos não pensariam em abandonar o seu país se não se sentissem obrigados a fazê-lo por motivos de força maior. Se os jovens cristãos puderem ter a oportunidade de obter uma boa educação, então eles permanecerão”, assinala Heine-Geldern.
Depois dos projetos relacionados com a reconstrução das casas e das igrejas e também das infraestruturas das aldeias e vilas cristãs, elementos considerados fundamentais para a fixação desta comunidade, a fundação pontifícia decidiu avançar com “uma aposta forte na educação dos jovens”.
A Universidade Católica de Erbil tem uma maioria (54%) de alunos do sexo feminino.
“Precisamos trazer boas notícias às pessoas aqui presentes durante a visita papal; poder anunciar que poderemos vir a ter mil alunos até 2025, dando-nos uma voz significativa e um futuro claro para os nossos jovens e seus pais, traz grande esperança”, indica o arcebispo caldeu de Erbil.
OC