Na primeira conversa com o Sr. D. Manuel Clemente, após o conhecimento e a aceitação da minha nomeação episcopal, sugeri que a ordenação ficasse para depois da Páscoa. Entendia que necessitava de tempo bastante para transmitir os encargos que me tinham sido confiados.
Apercebi-me, contudo, que o Sr. D. Manuel tinha vontade que estivesse cá na Semana Santa e concretamente neste dia. Aceitei e agradeço a sugestão, porque, na realidade, não haveria melhor dia para um primeiro encontro formal com a Diocese e, especialmente, com os seus Sacerdotes, Diáconos e Seminaristas. Quero saudar-vos de um modo particular, neste dia em que renovámos os nossos compromissos sacerdotais e reafirmamos a nossa vontade de servir generosamente o Povo de Deus na Igreja do Porto: com os dons que Deus nos deu e o nosso legítimo modo de ser, não obstante as nossas limitações e os nossos defeitos. Foi assim que Deus, na sua infinita misericórdia, nos chamou. Somos o que somos e somos os que somos: sem dramatismos e com Esperança. Com toda a certeza, seremos mais e serviremos melhor se formos mais fiéis.
Podem contar com a minha plena disponibilidade, sempre na minha condição de auxiliar para a Missão. Como tive já oportunidade de dizer, auxiliar, na Caridade e na Verdade, é todo o meu programa. Como escreve Joseph Ratzinger / Bento XVI no seu mais recente livro Jesus de Nazaré, “os discípulos são santificados, consagrados ‘na Verdade’. A Verdade é o lavacro que os purifica, a Verdade é a veste e a unção de que têm necessidade” (pág. 81).
Quero aproveitar esta oportunidade para deixar aqui uma palavra de profunda e sincera gratidão. As mudanças, todas as mudanças, encerram sempre alguma incerteza e, por isso, algum desconforto. Tive oportunidade, ao longo da vida, de experimentar algumas. E esta, à partida, não seria a mais simples. Posso, contudo, garantir-vos que senti, desde o primeiro momento, um grande e amável apoio. A isso contribuíram: as saudações, pelos mais variados meios, de muitas pessoas da Diocese e da generalidade das instituições diocesanas logo que foi divulgada a notícia da minha nomeação; a presença notória de sacerdotes do Porto na minha ordenação episcopal, não obstante as dificuldades pastorais desse dia; o modo como fui recebido por todos na Casa Episcopal. Sei que a cruz não deixará de estar presente na minha vida: o discípulo não é mais do que o Mestre (cfr. Mt 10, 24). Mas o conforto da vossa receção, aconteça o que acontecer, nunca o esquecerei.
À saída da Catedral será distribuída a recordação da minha ordenação: servirá também para que continuem a rezar por mim.
Muito obrigado.
D Pio Alves, Bispo Auxiliar do Porto