Inteligência Artificial: Papa insiste na proibição de armas letais autónomas, em mensagem a líderes religiosos

Representantes assinaram compromisso conjunto, em Hiroxima, para proteger dignidade humana em «nova época de utilização das máquina»

Foto: Vatican Media

 

Cidade do Vaticano, 10 jul 2024 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje o seu apelo à proibição de armas letais autónomas, numa mensagem a líderes religiosos reunidos na cidade japonesa de Hiroxima, para um encontro intitulado “Ética da IA para a Paz”.

“Unidos, exigimos um compromisso proactivo para proteger a dignidade humana nesta nova época de utilização das máquinas”, escreve Francisco, num texto divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé.

Hiroxima acolheu, desde terça-feira, representantes de várias religiões mundiais, para a assinatura de um apelo conjunto em favor de um uso ético da inteligência artificial (IA), em favor da paz.

O Papa sublinha que “a inteligência artificial e a paz são duas questões de extrema importância”, recordando o seu discurso perante os líderes políticos do G7, a 14 de junho, onde defendeu que “nenhuma máquina, em caso algum, deveria ter a possibilidade de optar por tirar a vida a um ser humano”.

“Numa tragédia como a dos conflitos armados, é urgente repensar o desenvolvimento e a utilização de dispositivos como as chamadas armas autónomas letais”, observou.

Francisco destacou a “importância simbólica” do encontro em Hiroxima, uma das duas cidades atingidas por bombas atómicas, durante a II Guerra Mundial, pedindo “um controlo humano cada vez mais significativo” sobre o armamento de guerra.

Falando num evento de “extraordinária importância”, o pontífice faz votos de que o encontro inter-religioso dê “frutos de fraternidade e colaboração”.

Ao olharmos para a complexidade das questões que temos diante de nós, incluindo a governação da inteligência artificial, a riqueza cultural dos povos e das religiões é uma chave estratégica para o sucesso do vosso compromisso com a sábia gestão da inovação tecnológica”.

A mensagem recupera uma passagem do discurso do Papa no G7, sobre os riscos de deixar a humanidade refém de “escolhas algorítmicas” das máquinas.

“Condenaríamos a humanidade a um futuro sem esperança se retirássemos às pessoas a capacidade de decidir sobre si mesmas e sobre as suas vidas, obrigando-as a depender das escolhas das máquinas”, alertava Francisco.

O encontro de Hiroxima foi promovido pela Academia Pontifícia da Vida, as Religiões para a Paz do Japão, o Fórum para a Paz de Abu Dhabi dos Emirados Árabes Unidos e a Comissão para as Relações Inter-religiosas do Rabinato-Chefe de Israel.

Os participantes assinaram “o Apelo de Roma para a Ética da IA”, sublinhando “a importância vital de orientar o desenvolvimento da inteligência artificial com princípios éticos, para garantir que serve o bem da humanidade”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

O Apelo de Roma foi lançado pela Santa Sé, em fevereiro de 2020, juntamente com a Microsoft, a IBM, a FAO e o Governo italiano.

O documento visa “fomentar uma abordagem ética da IA e promover um sentido de responsabilidade entre organizações, governos, empresas multinacionais de tecnologia e instituições, a fim de moldar um futuro em que a inovação digital e o progresso tecnológico sirvam o génio e a criatividade humanos, preservando e respeitando a dignidade de cada indivíduo, bem como a do planeta”.

OC

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