«Não há palavras para explicar isto. É tudo cinza», diz sacerdote. Paróquias de Tavira disponíveís para responder aos pedidos das autoridades civis
São Brás de Alportel, Faro, 20 jul 2012 (Ecclesia) – A Misericórdia de São Brás de Alportel, pertencente à Igreja Católica, acolheu nas últimas horas mais de 20 pessoas desalojadas devido aos incêndios que ocorrem na região, revelou hoje o sacerdote adjunto do pároco.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Afonso Duarte contou que várias vítimas dos fogos “ficaram sem a casa, os animais, as colmeias, a cortiça e as árvores”.
“Uma pessoa trabalha uma vida inteira e de um momento para o outro vê tudo destruído”, lamentou, acrescentando que haverá famílias que vão “ficar na miséria e sem sítio para onde ir”.
O vigário paroquial de São Brás de Alportel tem percorrido a região e fala de um panorama “desolador”, nunca testemunhado pelas pessoas mais idosas: “Não há palavras para explicar isto. É tudo cinza”.
“Ontem, ao fim da tarde, vi pessoas a gritar e a desmaiar”, afirmou o sacerdote de 72 anos, que se referiu à “ventania terrível” nas quatro frentes do incêndio.
“Em poucos segundos fica-se cercado pelas chamas”, realçou, apontando o caso de uma pessoa que salvou a vida por se ter refugiado dentro de um tanque de água até que o fogo passasse.
No antigo Sanatório de Almargens, atual Centro de Reabilitação, onde “o fogo não chegou mas está muito perto”, os utentes foram evacuados para o pavilhão desportivo de São Brás de Alportel, adiantou o sacerdote, que também mencionou a dificuldade de comunicação com os habitantes que vivem isoladas nos montes.
O responsável elogiou os bombeiros, nomeadamente as corporações do norte de Portugal que foram combater as chamas, e enalteceu a “onda solidária” de pessoas que entregam leite e outros alimentos aos ‘soldados da paz’.
Em Tavira, onde esta manhã se registaram relatos da aproximação do incêndio, o Centro Paroquial e as Conferências de São Vicente de Paulo estão prontos para oferecer alimentos e vestuário, caso a Proteção Civil, bombeiros e Câmara Municipal o requeiram.
“Até agora não nos foi pedido nada mas estamos disponíveis para qualquer ajuda”, disse à Agência ECCLESIA o pároco de Tavira, padre Flávio Martins, de 32 anos.
RJM