Incêndios: Bispo de Coimbra destaca desafio demográfico no Interior, que se procura «recompor» das chamas

D. Virgílio Antunes vai presidir a Missa em Pedrógão Grande, um ano depois dos fogos

Monumento em Nodeirinho

Coimbra, 15 jun 2018 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra pediu medidas estruturais e políticas que devolvam a vida ao interior do país, um ano depois dos incêndios que afetaram a região centro.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Virgílio Antunes assinala que a pouco e pouco as comunidades mais afetadas pelas chamas há um ano, que perderam entes queridos e bens materiais, estão a retomar o seu caminho, graças à “solidariedade” que se gerou e que já permitiu fazer “muita coisa e muita coisa bem feita”.

“Hoje quando passamos por aqueles lugares dos fogos sentimos a marca com certeza ainda do sofrimento, da dor, da tristeza, no rosto das pessoas. Mas lentamente elas vão recompondo as suas vidas”, salienta o responsável católico.

A 17 de junho de 2017, um incêndio florestal com origem em Pedrógão Grande (Distrito de Leiria, Diocese de Coimbra) e que alastrou depois a vários territórios vizinhos, provocou 66 mortos e 254 feridos; o prejuízo material foi calculado em mais de 500 milhões de euros.

Para o bispo de Coimbra, é preciso reconhecer a força de vontade das pessoas e a forma como as comunidades se uniram para a reconstrução das suas casas, para a busca de um futuro, lutando contra a dor, sobretudo interior.

“Vê-se muita vontade das pessoas em se refazerem por dentro, que me parece o mais difícil, refazerem o seu coração, os seus sentimentos, a sua atitude de vida, mas isso está a conseguir-se em grande escala”, enaltece D. Virgílio Antunes.

O responsável católico entende que a grande batalha ainda está por vencer, pois é fundamental criar condições estruturais para que o Interior não passe por outro drama semelhante, dos incêndios, e ao mesmo tempo para que a região possa beneficiar de mais desenvolvimento.

“Toda a gente gostaria que isto fosse feito mais rápido, mas compreendemos que não é de um momento para o outro que se resolve um conjunto de problemas estruturais”, realça D. Virgílio Antunes, que toca depois na questão demográfica, da desertificação, da falta de massa humana na região.

Na opinião do bispo, “é muito difícil” que se obtenham já “resultados no futuro muito visíveis” no desenvolvimento do Interior, mesmo ao nível de medidas de prevenção aos incêndios, “porque falta o fundamental” que são as pessoas.

“Falta a presença de uma comunidade humana com uma dimensão considerável, que possa estar na linha da frente no refazer de todo este conjunto e de toda esta realidade”, considera D. Virgílio Antunes, para quem esta “é a questão fundamental”, que se torna mais “complexa e difícil” numa região que, ano após ano, é fustigada pelos incêndios.

“Tragédias como estas tiram o incentivo de vir a muitas pessoas”, lamenta do bispo de Coimbra.

O responsável diocesano vai presidir a uma Missa este domingo, pelas 12h00, na igreja matriz de Pedrógão Grande, com a presença prevista do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, para evocar as vítimas dos incêndios.

Para as 14h30 está agendada a inauguração de um monumento na aldeia de Nodeirinho, em homenagem às pessoas da povoação que se salvaram, refugiadas no tanque de uma fonte.

PR/JCP/OC

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Agência ECCLESIA

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