Importância da comunicação social

Fernando Soares – Bispo anglicano e Presidente do COPIC Importância da comunicação social Para o Conselho Português das Igrejas Cristãs Se por “comunicar” se entender “ligar” pessoas, acontecimentos e coisas, então temos de convir que a “comunicação” está no cerne da vivência cristã. E, nesse sentido, o COPIC e as Igrejas que o constituem só podem considerar da maior importância a “comunicação” e os meios que a possibilitam. Acontece, ainda, que hoje, a imagem das pessoas e das organizações se faz cada vez mais através dos meios de comunicação social, o que naturalmente os coloca no centro das suas preocupações. Ora, também neste caso, o COPIC não é excepção à regra. Por isso, o Conselho, em conjunto com outras confissões religiosas, tem procurado conquistar o lugar que lhe é devido e que a Lei de Liberdade Religiosa lhe confere no enquadramento nacional da comunicação social. Estamos, assim, presentes nos programas televisivos “A Fé dos Homens” e “Caminhos”. Aí somos a voz e a face de sensibilidades cristãs diversas, mas unidas num mesmo testemunho do Evangelho, na vivência duma fé convicta e honesta e num compromisso concreto de serviço a Deus entre o nosso povo. Ainda, procuramos ser arautos da caminhada ecuménica, como parte integrante da missão da Igreja cristã, sendo, também, expressão no nosso País das famílias eclesiais de nível mundial a que pertencemos. Neste contexto, é evidente a relevância do papel da comunicação social para o COPIC e para qualquer Igreja minoritária em Portugal. Num país como o nosso em que o peso institucional da Igreja Católica Romana se faz sentir profundamente – quase ao nível do subconsciente colectivo – a acção dos órgãos da comunicação social torna-se vital para romper a carapaça da excessiva unicidade informativa religiosa que ainda campeia. Mas, o cumprimento do desígnio duma informação independente e equilibrada na área do religioso exige aos órgãos de comunicação social empenhamento sério numa atitude de maior atenção e conhecimento das diferentes confissões em presença. Sabe-se que o fenómeno religioso gera acontecimentos e factos sociais e, portanto, suscita o interesse natural da comunicação social. Porém, as notícias e análises correspondentes não podem decorrer da mera visão de quem está de cima do mundo ajuizando de palanque comportamentos e atitudes. Na realidade, o fenómeno religioso e os seus agentes – comunidades e seus pastores – não podem ser vistos à luz de simples critérios numéricos ou do maior ou menor impacto social das suas actividades. A especificidade da vivência do espiritual desaconselha a que se olhem as comunidades religiosas com preconceitos ou ideias feitas, antes, pede que o(a) comunicador(a) social se aproxime delas com um espírito aberto, sério e crítico para que, dessa forma, seja verdadeiro instrumento de divulgação e de “ligação” com a sociedade civil. Numa palavra, a importância que no COPIC se atribui à comunicação social no desenvolvimento das actividades das comunidades religiosas é directamente proporcional à responsabilidade que dela se requer nos critérios que usa na busca da verdade a transmitir. Só assim pode cumprir o desígnio ético da “comunicação”, isto é, a nobre actividade de criar pontes de ligação entre as diversas experiências do transcendente – tal como são vividas pelas comunidades religiosas – e o quotidiano da vida do comum das pessoas. Fernando Soares Bispo anglicano e Presidente do COPIC

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