II Concílio do Vaticano: Uma procissão sob o signo da penitência

Com o aproximar da quarta e última sessão do II Concílio do Vaticano (1962-1965), os intervenientes da assembleia magna começam a chegar a Roma. Alguns daqueles que participaram nas primeiras sessões já morreram (cerca de setenta), mas outros os substituíram. Além disso foram criadas novas dioceses, sobretudo em terras de missão.

Com o aproximar da quarta e última sessão do II Concílio do Vaticano (1962-1965), os intervenientes da assembleia magna começam a chegar a Roma. Alguns daqueles que participaram nas primeiras sessões já morreram (cerca de setenta), mas outros os substituíram. Além disso foram criadas novas dioceses, sobretudo em terras de missão.

No total, o número dos presentes poderia, no entanto, ser ligeiramente inferior ao das três primeiras sessões, se a diminuição observada desde a abertura do concílio convocado pelo Papa João XXIII continuasse: 2381 em 1962; 2258 em 1963 e 2170 em 1964 (Cf. «O Diário do Concílio, Volume III; Henri Fesquet, Publicações Europa-América, pág. 28). Este prognóstico não se verificou e no início da IV sessão conciliar estavam presentes 2264 padres. O conjunto destes números corresponde às presenças registadas no momento da abertura das sessões.

Os bispos retomaram os seus hábitos romanos, a maior parte nas casas religiosas, outros no hotel ou em casas particulares. A partir da manhã de terça-feira (14 de setembro de 1965), os carros dos turistas concentrados na Praça de São Pedro, no Vaticano, deram lugar aos dos padres conciliares. “Este democrático meio de transporte sucedeu aos sumptuosos atrelados do I Concilio do Vaticano (1869-70)”, escreveu Henri Fesquet na obra referida anteriormente. No entanto, as vestes “permaneceram as mesmas”, lê-se.

Depois da abertura da IV sessão conciliar, no qual o discurso de Paulo VI foi o acontecimento do dia, uma procissão de todos os membros do II Concílio do Vaticano, em Roma, entre a Basílica de Santa Cruz de Jerusalém e a vizinha Basílica de Latrão. O Papa Paulo VI especificou que esta procissão seria feita sob o signo da penitência. Uma ideia lançada anteriormente à primeira sessão conciliar, especialmente na Alemanha: “lutar contra a tentação do triunfalismo que pode acontecer em assembleias tão solenes como o concílio, dando um sinal exterior de arrependimento coletivo por todas as faltas cometidas na e pela Igreja (Cf. «O Diário do Concílio, Volume III; Henri Fesquet, Publicações Europa-América, pág. 29).

No seu texto, o enviado especial do jornal francês «Le Monde» realça que a caminhada de arrependimento seria também pelas faltas dos leigos que nem sempre deram o exemplo de uma vida cristã, falta dos teólogos que suavizaram, endureceram ou amesquinharam a apresentação da fé. Faltas que cavaram um fosso entre a sociedade e a Igreja, entre a ciência e a fé. Faltas que colocaram barreiras no crescimento da fé em muitos cristãos. 

LFS

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