O II Concílio do Vaticano (1962-65) e o seu contexto ajudaram a formar e a inquietar muitos cristãos na segunda metade do século passado. Um deles foi Francisco Sá Carneiro (1934-80) nascido no Porto e falecido no fatídico acidente de aviação na noite de 04 de dezembro de 1980.
O II Concílio do Vaticano (1962-65) e o seu contexto ajudaram a formar e a inquietar muitos cristãos na segunda metade do século passado. Um deles foi Francisco Sá Carneiro (1934-80) nascido no Porto e falecido no fatídico acidente de aviação na noite de 04 de dezembro de 1980.
Este advogado e político português, antes da assembleia magna realizada na Basílica de São Pedro, já pertencia aos Cursilhos de Cristandade e integrava as Equipas de Nossa Senhora. Convivia em círculos de amigos empenhados na renovação do catolicismo e encontra a filosofia de Emmanuel Mounier (1905-1950).
Francisco Sá Carneiro estuda e debate o Magistério Social da Igreja e acompanha o II Concílio do Vaticano. Escuta o apelo conciliar de participação na vida pública. No Porto, Sá Carneiro encontra-se, “pela mão de frei Bernardo Domingues, com o personalismo Emmanuel Mounier. Encontro determinante: para a fé, para o pensamento, para a ação. Torna-se seu seguidor. Sim. Seguidor de Mounier e das suas ideias, em torno das quais estrutura muito do seu pensamento” (In: Fernando Gomes Perpétua; «Francisco Sá Carneiro – Um Católico na Política»; Lisboa, Aletheia Editores).
O filósofo francês oferece a Sá Carneiro as pautas essenciais para o encontro que ele realiza entre o evangelho e a participação cívica e política, para a rejeição dos totalitarismos de esquerda e de direita, para a opção personalista em todos os domínios da vida.
Mounier condena o “fascismo, o nazismo, o comunismo e todos os sistemas políticos totalitários”. Na Revista «Esprit», que Francisco Sá Carneiro acompanha, como noutras obras, o filósofo francês coloca “a pessoa no centro do pensamento e da atividade política” (In: Fernando Gomes Perpétua; «Francisco Sá Carneiro – Um Católico na Política»).
Como frei Bernardo Domingues é um estudioso do personalismo cristão e é “amigo íntimo” de Sá Carneiro dá-lhe a conhecer a filosofia de Emanuel Mounier. “Sá Carneiro sente por ela uma atração imediata” e o frade dominicano empresta-lhe, uma a uma, as obras do filósofo francês. Segundo a obra citada anteriormente, Francisco Sá Carneiro lê-as “com um entusiasmo apaixonado. Devolve-as. Lidas. Discute-as. Assimiladas. A obra de Mounier fascina Sá carneiro”.
As ideias deste filósofo oferecem-lhe “as pautas essenciais de que necessita” porque têm “um fundamento consistente” e uma “relação direta com a vida”. O personalismo de Mounier passa a ser âncora do pensamento e da ação política de Sá Carneiro.
LFS