II Concílio do Vaticano: Quem é o Papa? Que fazem os bispos?

Um dos padres conciliares portugueses, D. Francisco Rendeiro, que participou nas quatro sessões desta assembleia magna (1962-65) escreveu cartas com frequência aos diocesanos do Algarve que eram publicadas semanalmente no jornal «Folha do Domingo».

Um dos padres conciliares portugueses, D. Francisco Rendeiro, que participou nas quatro sessões desta assembleia magna (1962-65) escreveu cartas com frequência aos diocesanos do Algarve que eram publicadas semanalmente no jornal «Folha do Domingo».

Natural da Murtosa (Diocese de Aveiro), pertencia à Ordem dos Pregadores (Dominicanos), D. Francisco Rendeiro foi bispo do Algarve e de Coimbra e fez 10 intervenções nos trabalhos conciliares.

Numa carta, datada de 15 de outubro de 1965 e intitulada «Quem é o Papa?», o bispo que nasceu 15 de dezembro de 1915 e faleceu a 19 de maio de 1971, realça que o Papa Paulo VI, na visita que fez à sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, não levou “escolta militar ou policial que levaria qualquer chefe de Estado” e mesmo o acompanhamento de meia dúzia de cardeais era “menos um séquito do que a expressão da universalidade da Igreja, pois propositadamente se escolheu um de cada continente”.

A maneira triunfal como se desenrolaram os acontecimentos em Nova Iorque, e em contraste a maneira simples como Paulo VI se apresentou e falou às nações, deram a todos a impressão de que se realizava mais uma vez a palavra magnificat.

“Na pessoa de Paulo VI verdadeiramente a Igreja atingiu um auge de prestígio universal como nunca se tinha visto” (In: Francisco Rendeiro; «Rumo a Concílio (Cartas de Roma); Faro, 1966; pág. 107).

Por duas vezes, o Papa Paulo VI “reservou a si o estudo de problemas delicados”, escreveu D. Francisco Rendeiro e continuou: “Não faltou quem, na imprensa atrevida, levantasse o problema da liberdade conciliar”. O sucessor de João XXIII entendeu que “devia chamar a si o estudo do problema da regulamentação da natalidade e o do celibato sacerdotal”.

Na carta seguinte – este prelado dominicano que tinha o cognome de «bispo do sorriso» – perguntava, “não apenas por imperativo da lógica, mas sobretudo pela força das circunstâncias”, que fazem os bispos. “As notícias disseram ao mundo inteiro que o Concílio deu férias aos bispos”, lê-se na obra citada.

Os debates conciliares terminaram no dia 16 de outubro, e até 25 não houve congregações gerais. “A primeira semana de novembro também será de férias. E isto com certeza levará muita gente a perguntar o que fazemos nós aqui”.

“Pois graças a Deus chegámos ao fim dos debates”. Depois dos diálogos – alguns deles acalorados – os padres conciliares dedicaram-se a redigir os documentos e a fazer as emendas nos textos.

LFS

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