II Concílio do Vaticano: Paróquias romanas recebem Paulo VI na Quaresma

O Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII, num dos seus rasgos de intuição e verdade pastoral, restabeleceu a antiga tradição, perdida há séculos, de visitar as estações quaresmais em Roma. O seu sucessor, Paulo VI, continuou, nisto como em outras coisas, o exemplo de João XXIII, e deslocou-se na quarta-feira de cinzas e nos domingos seguintes a várias igrejas paroquiais da capital italiana.

O Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII, num dos seus rasgos de intuição e verdade pastoral, restabeleceu a antiga tradição, perdida há séculos, de visitar as estações quaresmais em Roma. O seu sucessor, Paulo VI, continuou, nisto como em outras coisas, o exemplo de João XXIII, e deslocou-se na quarta-feira de cinzas e nos domingos seguintes a várias igrejas paroquiais da capital italiana.

Que razões terão levado o Papa a presidir às celebrações quaresmais nas paróquias de Roma? A esta pergunta, que a si mesmo formula na homilia do I Domingo da Quaresma na moderna Igreja de S. Pio X, o continuador de João XXIII responde: “Antes de mais uma razão pastoral”. Ao descodificar o conceito de «pastoral», Paulo VI sublinha que o termo significa “a relação que existe entre aqueles que por Deus foram encarregados de comunicar a Sua Palavra, os Seus carismas, os Seus ministérios, os Seus sacramentos, a Sua graça, e aqueles que, pelo Baptismo, foram chamados a receber tão altos dons e a fazê-los frutificar” (Cf. Boletim Informação Pastoral, Nº 30, Março-Abril 1964).

E porque não procederam assim os Papas antecessores? A esta questão, Paulo VI diz que havia várias razões. Em tempos não muito longínquos, o Papa “não podia sair do Vaticano; e em tempos anteriores, estava assoberbado com preocupações do poder temporal”.

Paulo VI recorda que as exigências dos tempos vão mudando e que as visitas manifestam o amor que o sucessor de Pedro tem a Roma. “Todos, grandes e pequenos, bons e não bons, próximos e afastados, todos têm o direito de falar com o Papa e o Papa o dever de cuidar de todos” (Cf. Boletim Informação Pastoral, Nº 30, Março-Abril 1964). Com estas visitas, quer o Papa mostrar o seu apreço pelos padres que servem os cristãos nos seus ministérios pastorais, conhecê-los, ajudá-los e partilhar o ónus que sobre eles pesa”.

Esta ideia de paróquia, comunidade de vida e sociedade de mútua ajuda espiritual, desenvolveu-a também na homilia do III Domingo da Quaresma, na Igreja de Santa Maria Consoladora, no novo bairro do Casal Bertone. A população daquele bairro operário – ferroviários, empregados dos correios, funcionários municipais – é uma comunidade concreta. A igreja é recente – o bairro foi bombardeado a 19 de Julho de 1943 – e Paulo VI congratula-se com a vitalidade espiritual da paróquia. “A confiança, a familiaridade e a solidariedade entre o pastor e o rebanho são o segredo de bem realizar o pensamento e a acção de Cristo no meio de nós”, disse o Papa aos cristãos do bairro do Casal Bertone.

No domingo seguinte, a 08 de março de 1964, o Papa Paulo VI disse, na Igreja da Madre de Deus, que se a paróquia é para todos – “sem que ninguém possa ficar esquecido” – é também certo que a paróquia, fazem-na todos. Na sua homilia, o Papa pede aos cristãos para olharem para o concílio e afirma que esse grande acontecimento “procura despegar os lábios mudos do povo, que não pode permanecer silencioso e indiferente, mas abrir a alma”.

LFS

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