II Concílio do Vaticano: Os pedidos do cardeal Bea aos peregrinos de Fátima

A Peregrinação Internacional Aniversária de maio (12 e 13) de 1964 foi presidida pelo cardeal alemão Agostinho Bea, pioneiro do ecumenismo e do diálogo entre Judaísmo e Catolicismo. A peregrinação teve várias intenções: “Agradecer a Deus o êxito da peregrinação de Paulo VI à Terra Santa; Pedir a união dos cristãos e o pleno êxito do II Concílio do Vaticano; Pedir a santificação das famílias, o aumento das vocações e a paz no mundo e, particularmente, no ultramar português”.

A Peregrinação Internacional Aniversária de maio (12 e 13) de 1964 foi presidida pelo cardeal alemão Agostinho Bea (Riedböhringen, 28 de maio de 1881 — Roma, 16 de novembro de 1968), pioneiro do ecumenismo e do diálogo entre Judaísmo e Catolicismo. A peregrinação, que contou com cerca de 500 mil pessoas, teve várias intenções: “Agradecer a Deus o êxito da peregrinação de Paulo VI à Terra Santa; Pedir a união dos cristãos e o pleno êxito do II Concílio do Vaticano; Pedir a santificação das famílias, o aumento das vocações e a paz no mundo e, particularmente, no ultramar português”.

Na sua alocução do pontifical de 13 de maio, o presidente do Secretariado para a União dos Cristãos centrou-se na “segunda destas intenções” e foi também a ela que o Papa Paulo VI “fez referência no telegrama enviado”, (In: Boletim de Informação Pastoral (BIP), Ano VI – 1964 – Maio-Junho – nº 31; página 32). O cardeal Bea foi um dos pilares do II Concílio do Vaticano e, nas celebrações do centenário do seu nascimento, o Papa (canonizado recentemente) João Paulo II realça que “três documentos” foram especialmente caros ao Cardeal Bea e “não cessaram de inspirar numerosas iniciativas da Igreja”, graças à intervenção do Secretariado para a Unidade dos Cristãos e de outros organismos da Santa Sé: “decreto sobre o ecumenismo, da declaração «Nostra aetate» sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs — a começar pelo judaísmo —, e da declaração sobre a liberdade religiosa”.

Os Papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI apreciaram os seus “serviços qualificados” e manifestaram-lhe – “cada um à sua maneira” – uma confiança profunda. “Baste citar o facto de ter sido chamado ao cardinalato e ter sido nomeado primeiro presidente do novo Secretariado para a Unidade dos Cristãos”, disse o Papa polaco.

Durante a sua estadia em Portugal, o cardeal alemão ficou no Seminário dos Olivais (Lisboa), foi recebido pelos chefes de Estado e do governo e visitou, no Carmelo de Coimbra, a Irmã Lúcia, sendo ainda homenageado em várias recepções.

Na manhã do dia 12 de maio de 1964, o bispo de Leiria presidiu à cerimónia da bênção e inauguração do Calvário Húngaro em que tomaram parte numerosos peregrinos. O Calvário, com a capela de Santo Estêvão e as 14 estações da Via Sacra, obra de artistas portugueses e húngaros, foi oferecido pelos católicos húngaros exilados.

Uns dias antes, dia 9 de maio de 1964, o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, inaugurou a Casa de Retiros do Bom Pastor (Buraca-Lisboa) e “viu realizado um sonho” que remontava a 1932, (In: Boletim de Informação Pastoral (BIP), Ano VI – 1964 – Maio-Junho – nº 31; página 24). Um elemento da comissão realizadora, António Medeiros, disse que obra custou “mais de 9000 contos”, mas até à data da inauguração os católicos “só entregaram a Sua Eminência 4000”.

A nova casa de retiros – projectada pelo arquitecto Sebastião Formosinho Sanches – tinha dois corpos com 50 quartos individuais em cada corpo e instalações para a realização simultânea de 2 retiros. O cónego Azevedo Pires foi um dos grandes dinamizadores na recolha de fundos para a construção desta obra.

LFS

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